O gráfico de candles foi tão difundido entre os participantes do mercado financeiro, que algumas vezes as pessoas até esquecem como essas “velas” são poderosas. Sem dúvida, a tarefa de estimar se são os touros ou os ursos que estão ganhando a batalha se tornou muito mais fácil com essa ferramenta.
Um dos objetivos da análise técnica é auxiliar na compreensão da dinâmica de preços. Ou seja, dar uma orientação, através do gráfico, a respeito da alta ou da baixa dos ativos. Essa análise é baseada em informações de preço e volume para um determinado intervalo de tempo.
Por exemplo, para o gráfico diário, as informações usadas pela análise técnica são o preço de abertura, a máxima e mínima alcançadas pelo ativo no dia, e o preço de fechamento. Além dessas informações, também é importante avaliar o volume de negociações ocorrido naquele dia.
Para representar essas informações em um gráfico, Charles Dow, que é considerado o pai da análise técnica, se utilizava de um gráfico de barras.
A barra é formada por uma linha na vertical que indica os valores de mínima e máxima. Um pequeno traço ao lado esquerdo indica o valor de abertura, enquanto um traço ao lado direito indica o valor de fechamento.
Este gráfico é bastante simples e foi muito usado em todo ocidente até a década de 1980. Na realidade, praticamente todos os conceitos da análise técnica foram desenvolvidos com base neste tipo de gráfico.
Contudo, do outro lado do mundo já existia outro tipo de gráfico que viria a substituir praticamente por completo o gráfico de barras.
Ainda no século XVII, os japoneses desenvolveram um método gráfico para analisar os preços de contratos futuros de arroz. Acredita-se que o criador desse tipo de gráfico tenha sido Munehisa Honma, o qual construiu uma verdadeira fortuna com o uso desta ferramenta.
Na década de 1980 o norte-americano Steve Nison trouxe o gráfico de candles para o ocidente. A aceitação foi tão grande que em pouco tempo grande parte dos operadores de mercado aderiram ao novo tipo de gráfico.
O gráfico de candles recebe este nome justamente porque as informações são projetadas de tal forma que parecem constituir velas. Com a diferença de que podem existir pavios para os dois lados.
Neste tipo de gráfico, o pavio inferior indica o preço mínimo alcançado no período, enquanto o pavio superior indica o maior preço alcançado. Já o corpo, indica os preços de abertura e fechamento, sendo que estes são definidos de acordo com a cor do candle.
Se o ativo realizar um movimento de alta, o candle será branco ou verde. Neste caso, o preço de abertura será a base e o fechamento será a parte superior do corpo.
Para movimentos de baixa os candles podem ser pretos ou vermelhos, ficando explícito que o preço de abertura foi maior do que o de fechamento.
Apesar de as figuras serem parecidas e representarem as mesmas informações, existe uma grande diferença visual nos gráficos.
Observe o gráfico de candles abaixo.
De acordo com o desenho das velas, fica fácil identificar diversos padrões que sinalizam força compradora ou força vendedora. No mercado financeiro os compradores, ou a força compradora, são denominados de touros. Já os vendedores recebem o nome de ursos.
O retângulo à esquerda foi rompido com uma vela de corpo grande, o que mostra força por parte dos touros. Na sequência foi feito um pullback, que é caracterizado pela vela de corpo vermelho, e depois se iniciou o movimento de alta.
Depois que o ativo subiu e formou um topo, fez um forte movimento de baixa. Então tentou subir novamente, mas por duas vezes os ursos seguraram o preço. Conforme o preço foi caindo, a força vendedora foi aumentando, até que finalmente os ursos atacaram formando uma vela com grande corpo vermelho.
Estas análises ficam mais difíceis de serem observadas em um gráfico de barras.
Apesar de a movimentação dos preços ser exatamente a mesma, neste tipo de gráfico, é preciso observar as barras com muito mais atenção para entender a disputa de forças. E foi justamente essa “facilidade” em entender a disputa de forças que tornou o gráfico de candles o mais usado na atualidade.
Como já foi informado, os candles são desenhados no gráfico de acordo com os preços de abertura, máxima, mínima e fechamento. Porém, existem outras características nestas “velas” que devem ser observadas para facilitar a identificação das forças.
O tamanho do corpo, por si só, já mostra como está a disputa de forças. Um candle verde de corpo grande e com pavio superior pequeno, indica que os touros estão no domínio. Isto se torna ainda mais válido se o volume deste candle for grande.
Um candle com corpo pequeno, por outro lado, mostra que o mercado está indeciso. Se neste candle o volume for grande, significa que é uma região de preços disputada, mas que as forças estão em equilíbrio. Se o volume for baixo, é muito provável que o mercado esteja descansando para na sequência continuar o movimento prévio. Ou ainda que se trate de uma consolidação.
Por esse motivo, a outra característica que deve ser avaliada é a posição do corpo no gráfico.
Se o ativo está em uma consolidação e forma-se um candle grande no meio do retângulo, não quer dizer que se trata de um candle de força. Já candles com corpos pequenos em uma consolidação indicam indecisão por parte dos touros e ursos.
Um candle com corpo grande que rompe uma consolidação mostra força. Idealmente este candle não deveria apresentar pavio na parte superior. Mas, visto que o corpo é bem maior do que o pavio, a análise continua válida.
Um candle com corpo grande em uma tendência que acabou de ser iniciada, também demonstra força por parte dos touros.
O candle de corpo pequeno, logo após a alta, pode ser definido como um candle de descanso. Como visto, mesmo que o candle seguinte foi de baixa, na sequência a movimentação de alta continuou.
Outra característica que deve ser observada nos candles diz respeito ao pavio. Ou seja, o tamanho do pavio e a posição dele, se acima ou abaixo do corpo.
Um pavio comprido geralmente indica que existe muita briga naquela região de preços.
Um candle de corpo pequeno e pavio longo, como os dois primeiros, normalmente indicam que os touros estão dominando. Quando um candle como esses se forma sobre um suporte, mostra que o suporte está sendo respeitado e que o preço deve voltar a subir.
Um candle verde (positivo) com corpo e pavio grande, indica que existe bastante força compradora, pois além de segurar os ursos, o preço subiu. Já um candle vermelho (negativo) com corpo e pavio grande indica empate. Ou seja, existe um equilíbrio entre os touros e os ursos.
Um candle com corpo pequeno e dois pavios longos também indica equilíbrio, mas neste caso, indica muita briga. Caso um candle como esse apresente bastante volume, muito provavelmente o preço andará para o lado que romper.
Um ponto que deve ser observado, no entanto, é com relação ao contexto. Todas essas informações são válidas caso exista um contexto para isso.
Um candle como o primeiro em uma consolidação, indica força compradora, mas não quer dizer que o preço irá subir. Da mesma forma, se um candle como o quarto se formar em um movimento de tendência, indica o equilíbrio de forças, mas a tendência provavelmente prevalecerá.
Outro ponto a ser observado é que todas as análises também são válidas para candles com pavios acima do corpo. Porém, neste caso são os ursos que estão dominando.
O principal objetivo ao analisar um gráfico de candles é entender a disputa de forças. Ou seja, quem está ganhando a batalha.
É muito importante prestar atenção no tamanho do corpo, a localização do corpo, o tamanho do pavio e se o pavio é superior ou inferior. Mas, as informações de apenas um candle não são suficientes para entender se são os touros ou os ursos que estão dominando o preço.
Será o contexto em que o ativo se encontra e a formação de vários candles que apontarão a força dominadora.
Outra forma de usar os candles é na definição de padrões gráficos como, padrões de continuação e de reversão. Mas estes assuntos serão tratados em outros artigos.
Entender a formação dos candle e como o desenho das velas é formado, sem dúvida é muito importante. Este talvez seja um dos primeiros passos para entender a dinâmica dos preços
Espero que este artigo tenha contribuído no seu aprendizado. Caso queira continuar estudando sobre análise técnica, continue acompanhando a FX Empire. A cada semana novos artigos como este serão publicados.
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Anderson é Mestre em Engenharia Mecânica pela UFSC, mas desde 2015 vem estudando e trabalhando com o mercado financeiro, a partir de 2019 passou também a atuar como educador financeiro ajudando outras pessoas a aprenderem técnicas e estratégias para se conhecerem e tirarem o melhor proveito do mercado. Apaixonado pela leitura, ela já leu centenas de livros relacionados ao mercado financeiro e desenvolvimento pessoal.