Veículos elétricos são a aposta do futuro para combater a dependência do petróleo. Várias empresas já têm saído na frente na corrida por esta tecnologia. Veja quais.
O boom dos veículos elétricos está em pleno andamento. Enquanto o mercado global de automóveis sentiu a retração de 6% nas vendas provocada pela pandemia, o setor de elétricos não conheceu a crise.
As vendas de veículos elétricos devem crescer mais de 80%, para 5,6 milhões de unidades em 2021. Em 2020 foram vendidos 3 milhões de carros.
Atualmente há cerca de 10 milhões de carros elétricos circulando no mundo todo.
Em relatório intitulado Global EV Outlook 2021, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que até 2030 serão 145 milhões de veículos circulando no mundo.
Isso se considerarmos apenas o cenário mais conservador. Se os governos implementarem incentivos para o setor, esse número pode chegar a 230 milhões.
Já o BNEF, braço de pesquisa estratégica da Bloomberg, prevê que poderá haver até 677 milhões de veículos com emissão zero nas estradas em 2040.
Parte deste movimento é justificado pela corrida dos consumidores e investidores em direção a soluções ambientalmente mais sustentáveis e menos degradantes.
Esse cenário pode gerar ótimas oportunidades para investimentos que explorem o mercado de veículos elétricos.
À seguir, temos três opções para quem quiser apostar nesse caminho, com três empresas estrangeiras e uma brasileira.
Quando se fala em carros elétricos instantaneamente evocamos na mente o nome da Testa.
A empresa de Elon Musk tem sido um dos principais destaques do ano em seus projetos de foguetes e veículos. Tanto é que o CEO da companhia foi eleito a personalidade do ano pela revista Time.
Depois de atingir o pico de quase US$ 1.250 por ação, em 4 de novembro deste ano, a fabricante de veículos elétricos viu suas ações caírem para baixo dos US$ 900.
Apesar da queda, alguns analistas afirmam que as ações da Tesla continuam altas, precificando um elevado crescimento.
Crescimento este que a empresa vem apresentando nos últimos resultados.
No terceiro trimestre de 2021 a Tesla divulgou resultados recordes. O lucro líquido foi de US$ 1,62 bilhão, crescimento de 389% ante 2020. Já a receita total no trimestre cresceu 57% na base anual, para US$ 13,75 bilhões.
Atualmente, o desafio da empresa para aproveitar a alta demanda por veículos elétricos é tornar seus produtos acessíveis ao grande público.
Outro obstáculo a ser superado será o provável crescimento da concorrência, especialmente chinesa.
Apesar disso, há investidores confiantes de que a Tesla conseguirá se manter como destaque nos próximos anos. Para Dan Ives, analista da Wedbush Securities, o preço-alvo estimado para as ações da companhia é de US $ 1.400, o que representa um ganho potencial de mais de 40% em relação a cotação atual.
No Brasil, é possível investir na Testa a partir de sua versão em BDR, com o ticker TSLA34.
A Ford Motors é uma veterana de Detroit e certamente não ignorou o aumento dramático dos veículos elétricos.
Além das novas versões elétricas de seus campeões de venda, o F-150 e o icônico Mustang, a companhia também está conquistando uma posição de destaque.
Recentemente a Ford revelou o primeiro veículo elétrico de plug-in híbrido de célula de combustível do mundo, o Ford Edge HySeries.
“Este veículo oferece à Ford o máximo em flexibilidade na pesquisa de tecnologia de propulsão avançada”, disse Gerhard Schmidt, vice-presidente de pesquisa e engenharia avançada da Ford Motor Company.
“Poderíamos tirar o sistema de energia da célula de combustível e substituí-lo por um motor a diesel de tamanho reduzido, a gasolina ou qualquer outro trem de força conectado a um pequeno gerador elétrico para produzir eletricidade”, completou.
Graças em grande parte ao seu eixo verde, o preço das ações da Ford dispararam neste ano.
Desde o início de 2021, o preço das ações da empresa subiu de US$ 8,52 para US$ 19,90, representando um aumento de mais de 100% no valor.
No Brasil, é possível investir na Ford através do seu respectivo BDR, cujo ticker é FDMO34.
Isso mesmo, a Apple, uma das maiores fabricantes de celulares e computadores do mundo, está com um projeto de criar o seu próprio carro no futuro.
A empresa estabeleceu uma meta para produzir um carro elétrico e 100% autônomo até 2025, embora ainda não tenha anunciado um parceiro de produção para o projeto.
Entretanto, ainda existem dúvidas sobre quem seria o parceiro nessa empreitada revolucionária de Tim Cook (CEO da Apple).
Isso porque a empresa precisará contar com outros parceiros para fornecer uma base para o “Apple Car”, já que não possui nenhuma fábrica capaz de produzir um carro inteiro.
Os rumores indicavam que a japonesa Hyundai seria a montadora do carro desenhado e projetado pela Apple. Porém, no início de fevereiro, foi revelado que o negócio fracassou.
Embora a criação do Apple seja ainda um rumor, vale a pena ficar de olho neste desdobramento. Mesmo que a aposta no mercado de carros elétricos dê errado, a empresa ainda possui projetos em vários outros setores, como o metaverso.
O investidor brasileiro pode investir na Apple através do BDR, cujo ticker é AAPL34.
No Brasil, o mercado de veículos elétricos ainda segue a passos lentos, quase parando na verdade.
Atualmente o país possui uma frota de apenas 60 mil carros movidos a energia elétrica, de acordo com a Associação Brasileira do Veículos Elétricos (ABVE).
A maior justificativa pela baixa venda dos veículos elétricos são os preços pouco acessíveis: o carro elétrico mais barato vendido por aqui custa cerca de R$ 150 mil.
Entretanto, isso não significa que não haja boas oportunidades de investimento por aqui. Uma delas, e talvez a principal, é a Marcopolo (POMO4).
A companhia lançou recentemente o Attivi, o primeiro ônibus elétrico com chassis próprio da fabricante de carrocerias de ônibus.
A versão experimental do veículo tem capacidade total para 89 passageiros e autonomia de aproximadamente 250 km.
Além disso, o ônibus conta com partes dos componentes produzidos por outra empresa brasileira, a Web (WEGE3).
A proposta é que o veículo seja adaptado às necessidades do transporte urbano e intermunicipal.
Com emissão zero de gases de efeito estufa e atendendo às normas globais de segurança, ele pode atender não só a demanda nacional como também ser vendido para o mundo todo.
Recentemente, o Bradesco BBI elevou a recomendação da ação da Marcopolo (POMO4) de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra).
Com isso, o preço-alvo aumentou de 2,50 para R$ 4,00, o que representa um potencial de valorização de cerca de 40%.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.