Em meio à verdadeira guerra proposta pelo governo chinês aos criptoativos, que recentemente já ilegalizou atividades de mineração e está à “caça” de mineradores e programadores, estudos indicam que o mercado asiático ainda vê as possibilidades com bons olhos.
Uma pesquisa feita pela plataforma de investimentos Finder, que conta com operações em quase 30 países, apontou a Ásia como o centro de maior adoção de criptomoedas nos mais variados níveis. Seja já considerando amplo domínio, ou simplesmente aceitação/vontade de entender melhor, os 5 países mais receptivos às criptomoedas se encontram no continente.
Vietnã, Indonésia, Índia, Filipinas e Malásia compõem o top 5 que vai na contramão da China. O apoio engloba ainda muitas outras nações da região, mesmo que em intensidade um pouco menor, com as diferenças de posicionamento entre a superpotência asiática e seus vizinhos mais modestos justificando o porquê da discrepância.
A futura primeira economia mundial conta com um regime fechado e, sobretudo, protecionista. Economicamente, o Bitcoin (BTC) e seus pares representam um tipo de “rebeldia” aos olhos dos reguladores econômicos.
Em meio à tanta fiscalização – dentro e fora do âmbito econômico – e confiança depositada na economia já estabelecida, um ativo descentralizado, que não responde à estado ou aos grandes agentes financeiros, que pode ser transacionado livremente e que ainda por cima conta com características capazes de lucratividade aguda é extremamente oposto ao processo sob o qual a China construiu sua posição perante o mundo.
Em contrapartida, os mercados emergentes asiáticos não se encontram efetivamente inclusos na versão mais atual e vantajosa dos modelos econômicos vigentes. Tanto o cidadão quanto os próprios governantes (principalmente os mais jovens) inseridos nesses contextos, apresentam comportamentos diferentes nas suas relações com bancos e demais modernizações em pagamentos digitais.
Nesse contexto, a diferença para economias emergentes ocidentais fica por conta da baixa bancarização. O relatório mundial dos bancos em 2017 já apontava mais de 2 bilhões de pessoas fora do sistema bancário, com a enorme maioria dos “ausentes” sendo de países subdesenvolvidos/em desenvolvimento orientais (já que nas nações ocidentais, a média de bancarização flutuou entre 80 e 90%).
O dinamismo, a praticidade e a ausência de burocracia das criptomoedas podem ser as respostas para que a significativa parcela populacional isolada da economia tenha assumam finalmente que lhes é de direito ocupar nesse âmbito.
Mas os dados corroboram, no fim das contas, para a maior semelhança com os emergentes do ocidente quanto aos anseios econômicos. Países que buscam alternativas para se estabelecerem em definitivo no mercado mundial enquanto atendem as necessidades do seu povo olham para a novidade com curiosidade e esperança.
Não à toa, pesquisas de opinião e intensão de uso do Bitcoin feitas na África e na América Latina indicam aumento considerável de apoio. Depois de tanto tempo à margem do império econômico mundial, países como El Salvador querem relevância e autonomia. Na Ásia, mesmo com a forte pressão chinesa que vai se desenhando, os criptoativos vão galgando seus espaços e não devem se render sem lutar.
Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.