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Alta do Bitcoin nasce do fortalecimento de ideais mundo à fora

Por :
Victor Raimundi Brandao Alberto de Mello
Publicado: Oct 18, 2021, 22:53 UTC

O mercado segue aquecido e em bom ritmo desde a virada de setembro para outubro. Neste final de semana (16 e 17), se estabeleceu acima dos US$ 60 mil na maior parte do tempo e quebrou o recorde de fechamento semanal do também histórico mês de abril.

Alta do Bitcoin nasce do fortalecimento de ideais mundo à fora

Nesse artigo:

O que seria duro golpe, virou ponto de partida

O último candle da semana em questão indicou fechamento do preço de negociação do Bitcoin (BTC) em US$ 60,856, valor mais alto do que os registrados em abril, último grande período de altas recorde.

Observando de longe, era plausível acreditar em algum tipo de correção com a expressiva marca sendo alcançada. Mas o movimento de compra seguiu forte, muito por conta dos investidores entenderem o quão favoráveis e impactantes vêm sendo os últimos dias para o ativo. Em um espaço de aproximadamente 20 dias, tanto o mercado quanto a cultura que envolve os criptos romperam barreiras e estão cada vez mais próximos da “realidade”.

Entre os dias 20 e 28 de setembro, o BTC baixou perigosamente aos US$ 40 mil, se encontrando em alguns momentos durante as sessões abaixo da marca. Não coincidentemente, o movimento ocorreu após as duras ofensivas do governo da China aos criptoativos no geral, proibindo sua negociação e até mesmo sua mineração.

Em relativamente pouco tempo o mercado aguentou a pressão e o receio gerado pelo confronto com o outrora maior campo de mineração do planeta, inicialmente com a confiança de quem comprou na baixa, chegando até a virada entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro, em que o posicionamento mais amistoso do governo americano serviu de pontapé inicial para a alta que até agora não parou.

Resposta mundial é positiva

A conversa governamental sobre criptomoedas nos Estados Unidos se iniciou a partir do combate a crimes que envolviam os ativos de alguma forma. A preocupação era referente aos pagamentos de ataques cyberterroristas em criptos, mas logo a conversa evoluiu para questões que envolvem a aproximação dessa nova possibilidade com a carteira do americano.

Passando por debates sobre a segurança para investidores, regulações de gastos energéticos na mineração e até mesmo pelas stablecoins do dólar americano como fundos, foram divulgados nessa segunda-feira (18) pelo New York Times que confirmam o lançamento do primeiro ETF de futuros em Bitcoin a ser listado na bolsa de Nova Iorque (NYSE) previsto para a terça (19).

Outra nação que impactou positivamente nessa caminhada – e que mais do que nenhuma outra sentiu esses impactos – foi a modesta El Salvador. No dia 7 de setembro, deu seu próprio grito de independência ao adotar o Bitcoin como moeda oficial do país.

O início do período que colocou o país centro-americano no centro dos olhos da economia mundial foi relativamente turbulento, haja vista a brusca mudança estrutural e cultural exigida nesse processo. Mas o presidente Nayib Bukele se manteve firme em seus ideais, sendo mais um a adquirir Bitcoins na baixa para seu país, que já vem colhendo seus primeiros frutos.

O governo local anunciou no dia 9 de outubro o investimento de parte dos US$ 4 milhões de lucros obtidos até o momento com a alta na construção de um hospital veterinário em San Salvador, capital do país. Segundo Bukele, a estrutura contará com 4 salas de operações, 4 clínicas de emergências, 19 salas de atendimento e uma área de reabilitação.

O objetivo é de que, em uma média diária, o hospital teria capacidade de realizar 64 cirurgias, cerca de 130 emergências e quase 400 atendimentos gerais.

Outra prova do impacto real que os criptoativos como um todo foi que com menos de um mês da oficialização do BTC, a carteira governamental “Chivo” já tinha mais usuários do que os tradicionais bancos nacionais tinham conseguido alcançar em décadas, o que permitiu a mais salvadorenhos repassar e receber valores (22% do PIB do país vem de remessas oriundas dos Estados Unidos) sem burocracia ou taxas.

O “experimento” El Salvador vem dando muito certo, com a população quebrando recordes de transações, entre BTC e dólares, quase que diariamente. Pouco a pouco o ativo ganha mais adesão populacional e comercial e – mesmo para quem ainda não acredita ou entende muito bem – os US$ 30 em Bitcoin dados pelo governo à cada habitante que baixasse a carteira digital já se valorizou em 30%, com expectativas de que o percentual suba consideravelmente até o final do ano.

Todo esse movimento se estendeu por todo o mundo durante esse espaço-tempo tão crucial. Outros tigres asiáticos deram sinais positivos aos criptoativos mesmo frente à pressão chinesa, com destaque para o crescimento exponencial do contexto de criptos como um todo na Índia – o mais qualificado dos candidatos a suprir a falta dos chineses, caso seja necessário.

A Europa se tornou uma capital dos criptoativos com a ausência da China. Além de pouco a pouco ir tomando também as pautas governamentais do velho continente, as transações de criptoativos por lá somaram cerca de €870 bilhões em transações entre 2020 e 2021, com 25% de todas as negociações de criptos acontecendo no planeta tendo origem e/ou destino europeu.

Assim como os Estados Unidos, o Brasil também começou suas conversas visando o combate ao crime organizado. No caso tupiniquim, ao invés de cyberterrorismo, o objetivo inicial era de tratar dos inúmeros golpes ocorridos no estado do Rio de Janeiro, que utilizavam o investimento em criptomoedas como farsa para atrair vítimas para esquemas de pirâmide – vide GAS consultoria.

Agora, o debate em torno do projeto de lei 2303/15 também já evoluiu em solo brasileiro, aprofundando seu debate de uso e regulação, bem como outras funcionalidades do sistema em blockchains, que levou a B3 a começar os preparos para o serviço de oracle.

É muito provável que, em breve ou não, o Bitcoin e seus similares tenham novas baixas e sofram com algum tipo de descrença. Mas talvez, se perguntassem aos especialistas num passado recente qual país mais afetaria os ativos com uma proibição, muitas respostas girariam em torno da China, por ter sido por tanto tempo o centro de mineração e desenvolvimento tecnológico mundial do mercado.

A perda chinesa foi sentida, gerou tensão e dúvidas, mas serviu de doloroso ponto de partida para o fortalecimento do mundo dos criptoativos. Em suma, tudo indica que os criptoativos, puxados pelo seu principal representante, deram sua primeira amostra mais concreta para o mundo “off-chain”, e que não será esquecida facilmente.

Sobre o Autor

Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.

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