As ações brasileiras iniciaram o dia em forte alta com dados sobre a queda do PIB no terceiro trimestre O movimento vai na contramão dos principais índices do mundo.
A principal notícia econômica do dia foi a queda do PIB no terceiro trimestre de 2021.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção brasileira caiu 0,1%, enquanto que as expectativas eram de que o indicador subisse entre os meses de julho e setembro.
À primeira vista, a relação entre fatos parece ser contra intuitiva (queda do PIB e alta da bolsa de valores), mas tem uma razão econômica muito bem estabelecida.
Isso porque a queda do PIB significa menor pressão de demanda sobre a inflação.
Com a atividade econômica mais fraca, os agentes de mercado passam a incorporar em suas expectativas a possibilidade do Banco Central (BC) aumentar menos o juros (Selic) no futuro.
Um aumento forte dos juros poderia aprofundar mais ainda a atividade econômica do país, além de ser um excesso de munição para combater um componente que vem exercendo fraca influência sobre a inflação, que é a demanda.
Uma vez que os juros futuros caem, o custo de oportunidade do capital também cairá e as ações se tornarão mais atraentes para o investidor.
O IBGE divulgou hoje o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do terceiro trimestre. Este é o indicador para a soma dos bens e serviços produzidos no país.
O resultado foi um recuo de 0,1% no 3º trimestre deste ano em comparação aos 3 meses anteriores.
O destaque positivo ficou por conta dos serviços, que cresceu 1,1% na comparação com o segundo trimestre.
Apesar da alta nos serviços, que respondem por mais de 70% do PIB, o que puxou a queda da economia foi a agropecuária, que encolheu 8% em relação ao segundo trimestre e 9% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Os dados vieram em linha com o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) do Banco Central (BC), que mostrou uma queda de 0,14% no resultado do 3º trimestre contra o 2º.. Esse indicador é considerado uma prévia do PIB.
O IBGE revisou os dados do 2º trimestre para baixo: a economia brasileira caiu 0,4% de abril a junho contra o 1º trimestre. Quando foi divulgado, havia contabilizado uma retração de 0,1%.
Com estes dados, o país entra em recessão técnica, que ocorre quando há 2 trimestres consecutivos de queda na atividade.
O resultado deste ano já coloca em risco o crescimento da economia brasileira também em 2022.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.