Os mercados de ações asiáticos abriram em queda nesta quarta-feira (10/10), com o receio de que o descontrole inflacionário nos EUA possa pressionar o Fed a elevar os juros antes do previsto.
As preocupações com os aumentos nos preços do petróleo e da produção na China e seus impactos na inflação nos EUA tem causado um certo pessimismo nos mercados.
Principalmente porque ainda existe a crença de que a aceleração inflacionária pode criar pressões adicionais sobre os membros do Fed na condução da política de juros.
Os futuros do petróleo dos EUA seguem em alta, com o barril do Brent sendo cotado a US$ 85,81 e o do WTI a US$ 84,57.
Já os preços ao produtor na China aumentaram 13,5% no comparativo anual até outubro. Os dados superaram as previsões e servem como alerta de que há uma pressão sobre as cadeias de suprimentos para os consumidores globais.
As bolsas asiáticas tiveram quedas na quarta-feira. Na China continental, o Shanghai composto perdeu 0,47%; no Japão, o Nikkei recuou 0,33%.
Os dados de inflação nos EUA estão previstos para saírem às 10h30, no horário de Brasília.
A estimativa do mercado é que os dados devem mostrar um aumento nos preços ao consumidor. As previsões apontam para uma inflação de 5,8% em 12 meses.
Autoridades do Federal Reserve, Neel Kashkari e Mary Daly, admitiram que a inflação está persistindo por mais tempo do que esperavam.
Os títulos de prazo mais longo subiram na terça-feira, achatando a curva de rendimento do Tesouro. Isso indica que os investidores parecem estar apostando em aumentos no próximo ano, o que, consequentemente, contribuiria para reduzir o crescimento e a inflação nos anos seguintes.
A desaceleração econômica da China também está incomodando a mente dos investidores, especialmente porque uma crise de crédito parece estar se espalhando rapidamente pela gigantesca indústria imobiliária.
Os títulos do setor sofreram um novo golpe na terça-feira, com a liquidação arrastando até dívidas com alto grau de investimento.
“O mercado agora é movido mais pelo medo do que pela lógica”, disseram analistas do JP Morgan. “As avaliações levaram em consideração o pior cenário possível.”
Outras nuvens também estão se formando, com uma pesquisa no Japão mostrando que a confiança dos empresários do setor industrial caiu para o menor nível em sete meses.
O ouro e o bitcoin têm sido os principais beneficiários da turbulência do mercado.
O primeiro subiu 3,5% em uma semana, para US$ 1.829 a onça, enquanto que a criptomoeda tem pairado ao redor de US$ 67.267 após atingir um pico recorde de US$ 68.564 um dia atrás.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.