Preocupação com o baixo crescimento acende expectativas de afrouxamento monetário na China. No Japão, o governo prepara o maior pacote de estímulo fiscal da sua história.
Os mercados asiáticos começaram a semana com os investidores reagindo aos estímulos fiscais e monetários das principais economias da região.
O cenário de que a recuperação econômica será mais fraca do que o esperado nos países têm direcionado as expectativas dos agentes no sentido de que os governos tomarão medidas expansionistas para salvar as economias.
Ontem (segunda-feira, 22/11), os índices acionários subiram na expectativa de afrouxamento da política monetária da China e os estímulos fiscais no Japão.
Nesta terça-feira (23/11), o Nikkei 225, o índice de referência do Japão, fechou com subida de 0,1%%, aos 29.774,11 pontos.
Na China, o Shanghai Composite fechou com 0,20% de aumento, aos 3.589,09 pontos.
Analistas interpretaram as mudanças do último relatório do Banco Central da China como uma sinalização de possível reorientação da política monetária, no sentido expansionista.
O objetivo seria utilizar da flexibilização para apoiar a recuperação econômica frente à desaceleração verificada nos últimos meses, principalmente com a crise do setor imobiliário.
No relatório trimestral de política monetária publicado na sexta-feira (19/11), o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) retirou alguns termos citados em comunicados anteriores, como a manutenção de uma “política monetária normal”.
Para alguns analistas de importantes instituições financeiras, isso indica uma mudança de postura com foco em medidas de apoio.
O relatório retirou frases anteriores como “controlar a válvula sobre a oferta monetária” e não “inundar a economia com estímulos”, o que sinaliza mais suporte de crédito nos próximos meses.
“Esperamos que Pequim em breve intensifique significativamente a flexibilização monetária e estímulo fiscal para neutralizar a crescente pressão de baixa”, disse Lu Ting, do banco japonês Nomura.
Porém, de acordo com as expectativas de alguns economistas, as medidas de afrouxamento provavelmente seriam focadas em pequenas empresas e “projetos verdes”, alinhados aos esforços do governo de reduzir as emissões de carbono.
No Goldman Sachs, Hui Shan e equipe disseram que a taxa básica de juros deve permanecer inalterada, enquanto Lu, da Nomura, acredita que há maior probabilidade de redução dos requisitos para a taxa de compulsório dos bancos nos próximos meses.
O Governo japonês aprovou na sexta-feira da semana passada (19/11) o terceiro pacote de estímulo econômico desde o início da pandemia.
Este é considerado o maior pacote de estímulo fiscal de sua história, avaliado em 55,7 trilhões de ienes. O valor é referente a cerca de 2,7 trilhões de reais, e mais de 10% do PIB japonês.
O novo conjunto de medidas representa quase o dobro do valor prometido pelo primeiro-ministro Fumio Kishida durante sua campanha eleitoral em outubro.
O objetivo desta medida é atuar na recuperação econômica e redistribuir a riqueza entre as famílias e pequenos negócios.
A terceira maior economia do mundo encolheu 0,8% no trimestre de julho a setembro em relação ao trimestre anterior.
O plano de estímulo inclui gastos para melhorar a resposta à crise de saúde, além de outras medidas que não estão diretamente relacionadas com a pandemia.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.