Anúncio
Anúncio

Efeitos colaterais dos EUA junto aos criptoativos já eram esperados

Por :
Victor Raimundi Brandao Alberto de Mello
Atualizado: Nov 18, 2021, 18:20 UTC

No final de setembro, as novidades vindas dos Estados Unidos referente ao seu posicionamento positivo frente aos criptoativos ajudaram e muito no período de bonança testemunhado por mais de um mês. Entretanto, o efeito colateral – que já deveria ser esperado – veio junto da confirmação dos primeiros passos regulatórios das criptomoedas nos EUA e queda brusca nos preços dos criptos.

Presidente dos EUA, Joe Biden, discursa na Casa Branca durante

Nesse artigo:

“Os EUA voltando a andar” com criptoativos em rédea curta

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou a liberação de mais de US$ 1 trilhão em recursos para melhorar a infraestrutura de diversos serviços governamentais do país.

Entre as novidades aprovadas no âmbito da economia, estavam contidos os primeiros marcos regulatórios para o uso de criptomoedas nos Estados Unidos. As mudanças de maior impacto na circulação das moedas virtuais nos EUA giram em torno da fiscalização de transações e taxação em cima dos criptos.

Agora, corretoras, carteiras digitais e exchanges terão que disponibilizar ao governo informações das transações realizadas, indicando a que cliente foi transferida a criptomoeda em questão – com detalhes como número de Seguro Social e natureza da movimentação –  para fins de fiscalização e aplicação do imposto sobre rendimento de pessoas singulares (IRS, em inglês).

Movimentações que envolvam montantes acima dos US$ 10 mil devem ser notificadas imediatamente pelas plataformas e estarão sujeitas à averiguação governamental.

Apesar da união governamental em torno dos projetos de leis, que contaram com ativa participação e suporte tanto de republicanos quanto de democratas, e do impulso extremamente positivo dado ao mercado de criptos com o início e a evolução das conversas, fato é que a confirmação das mudanças não foi bem recebida pelo mercado, que despencou coletivamente.

Após bater recentemente a marca de US$ 3 trilhões totais correntes em mercado – se estabelecendo posteriormente na casa dos US$ 2,8 tri – uma queda brusca de US$ 400 bilhões foi registrada em poucas horas.

Todas as 50 maiores criptomoedas tiveram baixas, com destaques negativos para os dois maiores representantes dos ativos. Ethereum (ETH) chegou a cair mais de 11%, enquanto o Bitcoin (BTC) beirou os 10% de perdas, enquanto desceu do patamar recém alcançado, em que se encontrava seguramente acima dos US$ 60 mil.

Golpe dolorido fora anunciado com antecedência

A recepção negativa das mudanças parte de dois pontos cruciais, sendo o primeiro o temor de que os textos aprovados tenham intencionamente um caráter muito amplo quando classificam a função de corretor, podendo abranger mineradores e demais operadores das redes de blockchains no âmbito tributário.

Por essas e outras questões vistas como “vagas” na estrutura das propostas, senadores pró-criptoativos e demais nomes fortes do mercado já se movimentam para tentar reverter desenhar limites mais claros à fiscalização.

O segundo e mais importante aspecto é o claro ataque alguns princípios nos quais os criptoativos se baseiam, como a privacidade no manejo dos ativos e independência de funcionamento que praticamente isenta investidores de taxas. Entretanto, o tamanho do “susto” indicado pelo mercado revela, na verdade, certa ingenuidade mesmo por parte de investidores experientes.

Dificilmente os Estados Unidos abririam mão de usufruir do mercado de maior potencial econômico do futuro. Há de se levar em consideração que o pontapé inicial de toda essa conversa foi dado na busca por inibir o pagamento de ataques de cyber-terroristas serem pagos em criptomoedas, o que já dava ao governo americano o pretexto necessário para fiscalizar e taxar as negociações das moedas digitais.

Em suma, trata-se de um choque que apesar de desnecessariamente negativo, precisava acontecer. É melhor ter a economia estadunidense apoiando o uso de criptos e permitindo seu desenvolvimento junto aos modelos econômicos tradicionais, do que barrados, como ocorre com a China.

A situação é passível não só de adaptação, como de reajustes. Não seria prudente ver os Estados Unidos jogando tanto potencial pelos ares, reduzindo o valor do ativo que lhes interessa por capricho.

As chances são boas de que, apesar de não ser o cenário ideal para o mercado e seus idealizadores, os EUA tornem-se terra propícia para o rompimento rumo ao mundo off-chain e à sua estabilização definitiva na economia mundial.

Sobre o Autor

Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.

Você achou esse artigo útil?

Anúncio