A observação das aventuras do Bitcoin em El Salvador poderiam ditar muita coisa para o futuro do ativo no “mundo real”. Mas apesar dessa consideração ser verdadeira, muitos desconsideram o potencial fenômeno inverso, que colocaria o país centro-americano em uma das posições mais favoráveis do mercado de criptos mundial.
Para investidores, descrentes e curiosos, a observação das aventuras do Bitcoin em El Salvador poderiam ditar muita coisa para o futuro do ativo no “mundo real”. Mas apesar dessa consideração ser verdadeira, muitos desconsideram o potencial fenômeno inverso, que colocaria o modesto país centro-americano em uma das posições mais favoráveis do mercado de criptos mundial.
Seria óbvio atrelar um potencial crescimento econômico significativo em El Salvador ao processo de expansão pelo qual passa o mundo dos criptoativos, sobretudo na órbita dos Bitcoins (BTC).
A agora moeda oficial do país tem potenciais de valorização inicialmente inerentes à nação salvadorenha, tornando o país, pelo menos em primeiro plano, “refém” dos avanços e retrocessos do BTC.
Entretanto, pouco a pouco, o potencial de El Salvador para se tornar um “player” importante em um futuro próximo pode ir se revelando. A ideia de fazer a economia nacional “pegar no tranco” com uma verdadeira revolução oferece riscos, mas pode colocar o modesto país como referência do mercado mais inovador e promissor da atualidade.
Limitando a avaliação governamental somente ao assunto do BTC, o presidente Nayib Bukele e seus comandados agiram de maneira quase impecável até aqui. Não fecham com “10” por conta do início desnecessariamente turbulento, que incluía reclamações das explicações confusas de Bukele sobre o ativo, além das quedas constantes dos servidores da Chivo (carteira digital do governo) nos primeiros dias.
Para tornar o início da caminhada ainda mais traumático, o dia 7 de setembro, data do início oficial do projeto, foi marcado por forte queda nos preços do mercado e seguido dos ataques da China aos criptoativos.
O cenário estava montado para que a desconfiança tomasse conta, mas Bukele contornou a situação como deveria, utilizando talvez uma das táticas mais básicas dentre os investidores: “eles não podem te vencer se você comprar na baixa”, tuitou o chefe de estado ao anunciar que a economia do país havia obtido mais 150 Bitcoins durante a “micro-crise” mundial dos criptos.
E assim, em repetidas vezes, o movimento seguiu. Enquanto Bukele depositava dólares americanos e esperanças no futuro da economia, as coisas foram se ajustando.
Chivo saiu de problema para solução histórica, por exemplo. Não somente ganhou estabilidade de funcionamento, como em poucas semanas já apresentava um número de usuários cadastrados maior do que a quantidade de pessoas com contas bancárias no país (2,1 milhões contra 1,8 milhão em ainda em 27 de outubro), confirmando que o projeto poderia ser uma solução viável para a baixa bancarização populacional que há décadas não era sanada.
A desconfiança dos salvadorenhos em movimentar Bitcoins também já diminuiu consideravelmente, com aumento quase que diário de movimentações registradas na carteira digital do governo, enquanto relatos locais indicam uma resposta positiva de uso em diversas esferas sociais do país, indicando o desenvolvimento de uma população cada vez mais ambientada com o contexto de criptoativos que vem ganhando o mundo.
O impulso final para cravar o início promissor do projeto veio de um esforço praticamente global – com as boas novas de El Salvador inclusas – de empresas e governos, de colocarem à mesa debates referentes ao uso do BTC e dos demais criptos na economia mundial.
Outubro de 2021 já entrou para a história das moedas digitais e de El Salvador, com as altas históricas confirmando positivamente as apostas de Bukele e sua equipe. O país saltou de 400 BTC’s iniciais para 1120 com os 420 comprados durante a rápida baixa dessa quarta (27), totalizando quase US$ 68 milhões do ativo em posse.
Antes de completar dois meses da “aposta”, El Salvador mais do que dobrou seu número de Bitcoins (garantindo ainda valorização do ativo durante o processo), sanou problemas socioeconômicos históricos do país, colocou tanto sua população quanto sua estrutura econômica entre as mais bem preparadas para receber efetivamente os criptos e já colhe frutos dos lucros obtidos – a capital San Salvador ganhará o maior hospital veterinário do país, que será pago com parte dos lucros obtidos com o Bitcoin.
Agora, os olhos do mundo se voltam pra El Salvador com um contexto diferente. A nação é a prova viva de que, por mais que ainda haja muita coisa para acontecer, um criptoativo vai se mostrando capaz não só de ser utilizado como moeda, mas como alavanca para fazer um país todo se desenvolver.
E aí entra o potencial dos salvadorenhos em se tornarem cruciais para o mercado mundial. É difícil considerar que as ações de qualquer outro tipo de instituição impactem mais o Bitcoin e seus similares do que El Salvador. Seu será imediatamente atrelado ao Bitcoin, o que servirá de termômetro para o resto do mundo.
Indo além, tudo indica que as compras governamentais agressivas continuarão. Caso elas sigam com sucesso pelo menos próximo dos primeiros investimentos, o peso de El Salvador em posteriores movimentações será muito mais significativo, acompanhado.
Some isso tudo aos habitantes que, apesar de em sua maioria movimentarem pouco individualmente, coletivamente já passam dos 2 milhões de investidores que podem se movimentar de maneira coletiva em situações de compras e vendas, causando impacto sensível no mercado ao acompanhar o posicionamento do governo, por exemplo.
De uma das mais estagnadas e irrelevantes economias mundiais, para posição mais do que privilegiada na nova era econômica que inevitavelmente virá. Essa é a mudança de roteiro que vai se encaminhando para o futuro de El Salvador por ter abraçado o Bitcoin.
Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.