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Estudo sugere que liberação de reservas pode ter impacto limitado no preço do petróleo

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 24, 2021, 15:17 UTC

Estudo tem como base o ano de 2011, quando os membros da IEA anunciaram uma liberação coordenada de 60 milhões de barris de suas reservas estratégicas de petróleo

Estudo sugere que liberação de reservas pode ter impacto limitado no preço do petróleo

Nesse artigo:

Em setembro de 2011, John Kemp, analista sênior da Reuters e especialista em petróleo, foi chamado para fazer um estudo sobre os impactos e lições que poderiam ser aprendidas para o futuro em relação à ação coordenada pela International Energy Agency (IEA) naquele ano, que liberou 60 milhões de barris de petróleo em resposta à interrupção das exportações de petróleo da Líbia por causa da guerra civil.

O estudo foi intitulado como Market reaction to the IEA stock release: Perception management” (Reação do mercado ao lançamento de ações da IEA: gerenciamento de percepção).

A principal conclusão na época foi de que o lançamento das reservas causou uma queda imediata, mas modesta, nos preços à vista e uma queda maior nos spreads, mas revertido posteriormente.  

Neste caso, foi verificado que o efeito em si da ação dos países foi limitado. Isso porque, embora os preços tenham caído, o fato é que eles já vinham caindo antes do anúncio, e as quedas adicionais foram totalmente revertidas em poucas semanas.

Para o autor do estudo, a capacidade limitada da oferta dos países demandantes também contribui para limitar o seu poder de influenciar mercado. Mesmo que os países membros da IEA tenham uma grande quantidade de reservas de petróleo, eles não conseguem manter a expansão da oferta de forma definitiva.

“No final das contas, a liberação confirmada de menos de 60 milhões de barris, com uma vaga promessa de mais – que não foi confirmada e que provavelmente seria menos de 75 milhões no total -, foi menor do que os traders anteciparam, fazendo com que os preços e spreads se recuperassem em seguida”.

Segundo mostrou Kemp no estudo, a análise pós-evento da reação do mercado ao lançamento das reservas em 2011 sugeriu várias lições aplicáveis ​​uma década depois. 

Ao todo, podemos elencar três efeitos principais deste tipo de evento sobre o comportamento dos mercados:

  1. Os lançamentos de reservas têm apenas um impacto limitado e de curto prazo sobre os preços e spreads. Eles podem alterar a trajetória do mercado em comparação com um cenário em que nenhum estoque é liberado, mas isso não está totalmente claro.
  2. Os lançamentos de ações demoram tanto para se organizar que, quando são anunciados, os preços costumam estar caindo, pois o pior da sensação de crise já foi passado.
  3. Os negociantes de petróleo são instintivamente céticos sobre a eficácia da intervenção governamental, especialmente usando um estoque finito de reservas para influenciar os preços com base em um fluxo contínuo de produção e consumo.

Diante disso, o analista colocou em suas considerações que os formuladores de políticas precisam “ter todos os detalhes da liberação resolvidos antes do anúncio para criar uma narrativa convincente em torno da intervenção e maximizar o impacto psicológico das liberações de reservas”.

De volta ao presente

Em artigo publicado hoje na Reuters (24/11), Kemp disse que as lições foram parcialmente aprendidas e integradas nas decisões recentes. Porém, falhas na coordenação mostram que alguns aprendizados não foram incorporados.

“As autoridades americanas estavam prontas para anunciar a mecânica detalhada das vendas da SPR imediatamente na terça-feira. Mas a falta de compromissos firmes do Japão, da Coreia do Sul e especialmente da China nas primeiras 24 horas após o anúncio minou o impacto psicológico que a coordenação internacional deveria causar”, disse o analista em sua coluna na Reuters.

Até  o meio dia desta quarta-feita o petróleo operava em estabilidade. O WTI caía 0,10$, cotado a US$ 79,083 o barril. O mesmo ocorria com o Brent, cotado a US$ 82,157.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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