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Inflação global gera receio com retirada de estímulos monetários

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 4, 2021, 17:15 UTC

A persistente crise energética está pesando sobre os segmentos da economia em geral e gerando temores sobre a retirada dos estímulos monetários. 

Sede do Fed em Washington

Os investidores seguem temerosos quanto aos efeitos da escassez de energia nos índices de preços dos países.

Embora a recuperação esteja irregular entre as economias, o fato é que as pressões inflacionárias têm pesado cada vez mais na decisão dos bancos centrais sobre a retirada dos estímulos.

Para alguns analistas, a expectativa é de que o aumento dos juros das principais economias do mundo ocorram antes do anunciado pelos Bancos Centrais.

No caso do Fed, “Estamos começando a ver algumas rachaduras na narrativa transitória que ouvimos há algum tempo”, disse  Meera Pandit, estrategista de mercado global da JP Morgan Asset Management, à Rádio Bloomberg. 

“As taxas continuarão aumentando de onde estamos. Mas não acho que, da perspectiva do Fed, quando você pensa sobre a ponta curta da curva, eles se movimentarão muito antes de 2023.”

Já para Mohammed El-Erian, consultor econômico da Allianz SE e colunista da Bloomberg, disse que os investidores devem se preparar para o aumento da volatilidade do mercado se o Federal Reserve recuar nas medidas de estímulo colocadas em ação pela pandemia de Covid-19.

O Livro Bege do Fed, previsto para amanhã (quarta-feira, 20/10), pode cimentar as expectativas de tapering, ou desmontagem do programa de compras mensais de títulos do banco central americano no valor de US$120 bilhões. 

O Livro Bege Fed é um relatório sobre as atuais condições econômicas em cada um dos 12 distritos do Reserva Federal, cobrindo todo o território dos EUA.

Oferece uma visão da evolução econômica e os desafios dos EUA.

É apresentado 8 vezes por ano, duas semanas antes de cada reunião do FOMC. Este relatório é utilizado pelo FOMC em sua decisão sobre as taxas de juro de curto prazo.

A ata da reunião de setembro do Fed, divulgada na semana passada, mostrou que se cogita realizar um anúncio em novembro, com início do tapering no fim do mesmo mês.

Rumos da política monetária na Europa

No Reino Unido, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, alertou sobre a necessidade de responder às pressões de preços.

Isso fez com que a liquidação de títulos ingleses aumentasse, o que levou a uma elevação dos seus respectivos rendimentos.

O presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco, também reconheceu que as expectativas de inflação estavam mais altas do que o Banco Central Europeu (BCE) gostaria.

Com isso, os futuros de taxas de juros de curto prazo do euro aumentaram com os comentários sobre as crescentes especulações de que o BCE terá de seguir relutantemente outros bancos centrais e começar a remover os estímulos.

As apostas de aumento de taxas não se restringem apenas à Europa. Preocupações com elevação dos juros também ocorrem para a Austrália e Nova Zelândia, onde a inflação acelerou ao ritmo mais rápido em 10 anos.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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