A renovação do império Facebook Inc. foca em dar o primeiro grande passo rumo ao metaverso tecnológico que a maior parte da humanidade ainda estava descobrindo. Com o ecossistema dos criptoativos dentre os principais destaques dessa nova era, o grupo Meta já lida com diversos impasses logo em seus primeiros momentos de existência.
O anúncio feito por Mark Zuckenberg talvez represente o primeiro e mais agressivo passo rumo ao futuro. Abraçar o chamado metaverso tecnológico, ao explorar o real potencial da realidade virtual em uso e em dinamismo de interação, estava no imaginário de muitos, mas ao alcance de poucos.
A proposta do grupo Meta Plataforms (ex- Facebook Inc.), independentemente do apoio ou não à Zuckenberg e seu império, tem importância inegável em diversos sentidos, incluindo até a evolução da economia – que não curiosamente passa pelo universo dos criptoativos.
Entretanto, nem mesmo seu posicionamento crucial está imune à problemas.
Começando pela nova identidade, três empresas diferentes promoveram contestações contra a nova “cara” do conglomerado. Os destaques ficam para o MileniumGroup, agência de marketing americana que já abriu processo minutos após a revelação da marca, e para a montadora de computadores Meta PC, que move ação com pedido inicial de US$ 20 milhões.
Outras críticas recaem em, por hora, o anúncio ser somente uma jogada de marketing que atenderia diversos propósitos.
Em um ponto de vista mais superficial, pode se entender como um golpe publicitário capaz de levantar o preço de ações, uma vez que até por conta da baixa disponibilidade de estruturas capazes de suportar a integração tecnológica idealizada pelo grupo em grande escala.
Por outro lado, a brusca mudança serviria também para deixar a recente confusão, batizada de Facebook Papers, em segundo plano.
O vazamento de documentos é constantemente rebatido por Zuckenberg e seus representantes. Entretanto os levantamentos apresentados para imprensa e autoridades por Frances Haugen (ex-gerente de produtos da rede social) iam de problemas técnicos básicos, como dúvidas sobre o real número de usuários, até questões mais graves, como a promoção de algoritmos em incitações de ódio, negligência em possíveis crimes e até mesmo vista grossa para conteúdos extremistas.
O impacto da novidade foi sentido também no mercado de criptoativos. Os primeiros reflexos são positivos, uma vez que apesar das polêmicas e suspeitas mencionadas, trata-se de um impulso considerável à ativos que agem em áreas do metaverso destacadas pelo anúncio de Mark Zuckenberg.
Capitaneadas por moedas dos projetos Decentraland (MANA), The Sandbox (SAND), Illuvium (ILUV), e Axie Infinity (AXS), a alta coletiva dos inovadores projetos que variam de descentralização financeira/informacional à jogos e entretenimento valorizaram coletivamente quase 14%. A alta no setor representa sinal positivo de apoio do mercado às teconologias em blockchains como protagonistas no futuro vislumbrado por Zuckenberg.
A aproximação é ainda mais clara ao levar em conta o desejo da agora Meta Platforms em disponibilizar seus próprios serviços prover e movimentar uma criptomoeda própria, indicando até que será um dos primeiros passos das mudanças esperadas.
Antes “Libra” e “Diem”, a moeda digital Novi foi lançada na reta final do mês de outubro ainda em sua versão piloto, apoiada na stablecoin Paxus Dollar, contando com a custódia da bolsa de criptomoedas Coinbase. Os testes iniciais foram promovidos nos Estados Unidos e na Guatemala.
A nação centro-americana não foi escolhida à toa. Além da proximidade física com a vizinha El Salvador – nação que oficializou o Bitcoin (BTC) como moeda corrente e está obtendo sucesso – as populações apresentam muitas semelhanças em uso de eletrônicos (apesar dos problemas econômicos, cerca de 98% dos habitantes possuem smartphones) e na baixa bancarização.
Contudo, a investida na direção dos criptos já está na mira do governo dos Estados Unidos desde seu início. No mesmo dia de lançamento dos testes da Novi em outubro (20), 5 senadores americanos alertaram o criador do Facebook do compromisso firmado junto aos reguladores de não abrir o uso de criptoativos antes de alinhar as regulações junto ao governo.
Zuckenberg já foi barrado nos dois projetos anteriores apresentados ao governo americano, fora o fato da legislação em torno do uso de criptoativos em geral ainda estar em desenvolvimento no país.
Para os agentes do legislativo, o revolucionário anúncio do Meta levanta ainda mais suspeitas de um possível ato de “rebeldia” por parte do magnata das redes sociais – os testes não foram interrompidos mesmo após a pressão governamental – e pode vir à gerar atritos no caminho da regulamentação tanto deste projeto em específico, como nos demais que ainda estão em desenvolvimento junto à SEC (Comissão de Valores Mobiliários) e demais órgão reguladores.
Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.