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Nubank (NUBR33): quais os riscos e oportunidades?

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Dec 13, 2021, 16:47 UTC

Com a estreia na bolsa, o roxinho se tornou o maior banco da América Latina em valor de mercado. Após alta de 12,35%, será que ainda vale a pena investir no papel?

Nubank (NUBR33): quais os riscos e oportunidades?

Nesse artigo:

A entrada do Nubank na bolsa de valores de Nova York foi uma das principais notícias do mercado de capitais na semana passada.

A euforia inicial moveu as ações do banco brasileiro para uma valorização de 14,71% na bolsa americana, enquanto que as BDRs subiram 12,35% nos dois dias de pregão.

Como resultado, o Nubank se tornou o maior banco da América Latina em valor de mercado, valendo US$ 54,6 bilhões.

Segundo dados da Economatica, com o dólar cotado a R$ 5,53, o segundo banco brasileiro de maior valor é o Itaú, com US$ 37,7 bilhões, seguido do Bradesco, com US$ 33,3 bilhões.

Apesar dos ânimos dos investidores com a startup, muitas dúvidas ainda pairam no ar sobre o valor justo das ações.

Está o Nubank sobrevalorizado?

Analistas têm chamado a atenção para os fundamentos do Nubank em comparação com o seu valor de mercado. A preocupação é que o ativo esteja sendo negociado com preço bem acima do que seria justo.

Isso porque o  Nubank é um banco que ainda dá prejuízo e passou a valer mais do que bancos altamente lucrativos. 

Para se ter um parâmetro, o Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) geraram, cada um, um lucro de mais de R$ 18 bilhões somente nos três primeiros trimestres deste ano. Enquanto isso, o Nubank acumulou um prejuízo de R$ 551 milhões no mesmo período.

Com esse parâmetro em mente, alguns analistas têm afirmado que não vale a pena investir na fintech, pois há ações com fundamentos melhores e que entregam maiores rendimentos.

Preço atual indica expectativa de forte crescimento futuro

Apesar dos resultados financeiros atuais não validarem o valor de mercado do Nubank, o investidor deve ter em mente que os preços dos ativos financeiros refletem as perspectivas futuras das empresas, e não a situação do presente.

Em relação aos lucros, é comum ver startups apresentarem resultados negativos em seus estágios iniciais de expansão. 

Nesta etapa, a tendência é que os recursos sejam gastos mais com investimentos em melhorias e aquisições do que na geração de lucro.

“Por mais que o Nubank, outros bancos digitais e também muitas empresas tech não estejam entregando lucro agora, isso não significa que elas não vão entregar lucro lá na frente”, afirma Leo Monteiro, analista da Ativa Investimentos. 

Entretanto, o investidor deve ter em mente o que os preços estão indicando. “Nesse preço, está embutido um crescimento muito grande lá na frente”, afirma Leo Monteiro

Nessa linha, a área BTG publicou um relatório em que afirma que o Nubank pode ser lucrativo, mas faz a ressalva de que “é difícil saber exatamente o quão lucrativo deve ser”.

Caso o crescimento não venha no nível esperado pelos agentes de mercado, poderemos ver uma forte correção nas cotações do ativo.

Foco na expansão

Quem investiu no IPO do Nubank, o fez com a expectativa de que o banco manterá o forte crescimento das suas atividades.

Um dos fatores que mais chamam atenção é o histórico de crescimento da base de clientes, que era de 1,6 milhões em 2017 e passou para 48,1 milhões no terceiro trimestre de 2021.

Inclusive, o plano do banco é usar os recursos do IPO para expandir ainda mais a sua participação de mercado, através de aquisições, como também reforçar seu capital de giro.

O objetivo é acelerar a expansão pela América Latina. Atualmente, 98% dos clientes estão no Brasil. Mas o Nubank já tem iniciado operações no México e na Colômbia.

Outro foco é em aumentar a oferta de produtos para tentar aumentar a rentabilidade de sua base de clientes. 

Embora os clientes do Nubank sejam, em sua maioria, pessoas de classe de renda mais baixa, com gastos mensais de R$ 400,00 em média, o fator é que 73% deles são classificados como ativos, ou seja, que geraram alguma receita nos últimos 30 dias.

Isso traz um potencial enorme para a fintech, que busca alcançar um mercado que até há pouco tempo atrás não era explorado pelos bancões.

Flipagem

Outro fator que pode ser usado para justificar a valorização do Nubank no mercado acionário é a prática de flipagem que os investidores fazem com as ações iniciantes.

A flipagem é uma manobra de curtíssimo prazo realizada por investidores que pretendem lucrar no dia de estreia das ações na bolsa. 

Dessa maneira, os agentes de mercado reservam ações na IPO e no primeiro dia de pregão se aproveitam da valorização para lucrarem.

Para realizar suas operações, o flipper fica de olho nas empresas que estão planejando abrir o capital e nos ânimos dos investidores com as ações.

No caso do Nubank, havia muita euforia com as negociações da empresa na bolsa, o que foi um importante indicativo de potencial de valorização.

Portanto, uma parte relevante do valor de mercado do Nubank atualmente pode ser atribuída à estratégia bem-sucedida antes do IPO.

Ao atrair gigantes globais como Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, Tencent, Softbank e Sequoia Capital em rodadas de investimento, o Nubank ganhou chancela entre grandes players institucionais. 

Consequentemente, isso acabou atraindo outros investidores para o negócio.

Vale a pena investir no Nubank?

Se a confiança e os ânimos com a fintech brasileira se converterá em uma história de sucesso, somente o tempo dirá. 

O importante agora é que o investidor se atente aos riscos e oportunidades para definir se vale a pena investir no ativo e qual o tamanho de sua exposição.

Por estar precificando um crescimento futuro extremamente forte, as chances do Nubank frustrar o mercado com os próximos resultados pode ser elevado (vide o caso da Magazine Luíza – MGLU3).

Por outro lado, se o investidor procura uma empresa com grande potencial de crescimento e valorização, então o Nubank pode ser a escolha certa.

Seja como for, lembre-se sempre da principal regra no universo dos investimentos: grandes oportunidades trazem consigo grandes riscos.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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