Pequeno e antes tido como irrelevante nos cenários políticos e econômicos mundiais, o país centro-americano segue firme na sua caminhada junto ao bitcoin e fortalece sua posição no mercado com inovações e incentivos governamentais na mineração do ativo.
O momento para as criptomoedas e para a principal representante da classe, o Bitcoin (BTC), não é dos melhores. As incertezas vindas dos Estados Unidos com os debates sobre as novas leis de fiscalização sobre os ativos no país tiraram todo o mercado do momento historicamente positivo pelo qual passava a quase dois meses.
E mesmo com um problema de escala mundial em mãos, muitos críticos se voltaram para El Salvador. Esse tipo de movimento tem sido comum nas baixas que ocorreram desde o dia em que os salvadorenhos adotaram o Bitcoin como moeda oficial do país – 7 de setembro – por marcar o início do primeiro grande desafio do BTC no “mundo real”.
Mas tanto a nação quanto a moeda virtual deram sinais de maturidade até aqui. Nas quedas que ocorreram logo após a confirmação da grande mudança econômica, o presidente Nayib Bukele encarou reclamações e protestos para seguir firme no apoio à criptomoeda e nas compras nas baixas.
Como resultado, a antes ignorada economia de El Salvador pôde aproveitar do excelente momento vivido pelo Bitcoin entre o final de setembro e o começo de novembro.
Nesse meio tempo, o mundo testemunhou, além do aumento de conhecimento popular sobre criptoativos no geral e da resposta à histórica baixa bancarização que assolava o país, lucros que, por si só, já encaminharam a construção de centros veterinários e escolas na capital El Salvador e comprovavam na prática os benefícios da adoção do BTC.
Mas após tanto servir como base para que o Bitcoin provasse seus valores e potenciais, pode ter se iniciado o primeiro grande passo que levará do modesto país a se tornar uma referência importante do futuro da economia.
O anúncio do projeto de construir a chamada “Bitcoin City”, ambicioso projeto que visa construir toda uma cidade que gire em torno da mineração de Bitcoins isenta de impostos tradicionais, foi feito pelo presidente Bukele à investidores, empresários e entusiastas das criptomoedas no último domingo (21), com o objetivo de levantar US$ 1 bilhão por meio de títulos de dívidas com prazo de 10 anos com cupons de 6,5%.
Com ênfase no aproveitamento de energia geotérmica, a cidade ficará em La Unión, na base do vulcão Conchagua. A expectativa é de para que a estrutura completa seja disponibilizada, sejam necessários cerca de US$ 18 bilhões, que serão obtidos gradativamente com novos lotes de títulos. Dos valores do primeiro lote, metade irá para reforçar a infraestrutura de mineração, enquanto a outra seguirá para reforçar o comércio local e sua capacidade de atender os futuros trabalhadores.
De acordo com a Blockstream, empresa especializada parceira do governo salvadorenho na empreitada junto ao BTC, o objetivo prático de criar a estrutura necessária para acelerar a emissão de Bitcoins é de alimentar todo um novo sistema financeiro baseado em Bitcoins e que possa se manter com os recursos minerados em solo nacional.
Em suma, trata-se não somente do mais ambicioso projeto em torno de criptomoedas no planeta, como conta com apoio governamental e, de quebra, não agride o meio ambiente. O avanço e posterior concretização da Bitcoin City pode tirar El Salvador da dependência do Bitcoin para colocar como uma das principais referências do mundo no setor.
Com trabalhos de destaque no meio da comunicação desde o primeiro semestre do curso de jornalismo, Victor se aproximou da cobertura econômica ao redigir e apresentar conteúdos diários sobre o mercado para milhares de ouvintes, espectadores e internautas.