Commodity metálica recupera as perdas de ontem, mas segue em baixa, com queda de mais de 5% em três semanas. Investidores esperam definições sobre variante ômicron e decisões do Fed.
O preço do ouro se recuperou de uma baixa de três semanas, com os investidores continuando a pesar a propagação da nova variante do coronavírus, ômicron, contra os últimos comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de conter a inflação.
Nesta quarta-feira (01/12), até às 16h, os futuros de ouro subiam 0,47% para US$ 1.784,30/onça. Já o ouro à vista estava sendo negociado em alta de 0,31%, cotado a US$ 1.780,62/onça.
O resultado permitiu a recuperação da maior parte das perdas de ontem após as observações de Powell de que o Fed pode considerar encerrar o suporte à pandemia em um ritmo mais rápido do que o esperado.
A movimentação da commodity vem junto com uma forte recuperação nos mercados de ações, com os investidores usando a queda nos preços para apostar que a última variante covid-19 não atrapalhará a recuperação econômica.
Isso sugere que a fuga para a segurança do ouro podem não ser tão fortes quanto o antecipado.
Como consequência, no curto prazo o ouro segue sem tendência nos mercados, com os investidores indecisos sobre os rumos do futuro da economia.
O ouro registrou uma perda marginal no mês passado, com os investidores avaliando as perspectivas de que o Fed deverá desacelerar a retirada dos estímulos monetários, em meio à insistência da inflação de permanecer em patamares elevados.
As expectativas indicam que o banco central dos EUA está programado para concluir seu programa de compra de ativos em meados de 2022.
Mais recentemente, as notícias sobre a variante ômicron e as especulações sobre sua capacidade de contágio e mortalidade vem dando pitadas adicionais nas incertezas quanto à recuperação global.
Juntos, estes dois fatores têm dividido a atenção dos investidores nos últimos dias e anulando seus respectivos efeitos sobre as cotações do ouro.
Isso porque, de um lado, o aumento dos juros tende a causar uma fuga para os títulos públicos, visto que a commodity metálica não possui rendimentos.
Por outro lado, períodos de pânicos generalizados, ocasionados por eventos como o surgimento da nova variante da Covid-19, tendem a causar uma fuga para a segurança, empurrando investidores globais para ativos mais líquidos, como o ouro e dólar.
Alguns analistas acreditam que a força vendedora poderá ganhar força à medida que as notícias sobre a variante ômicron evidenciarem efeitos mais amenos do que as cepas anteriores, como a Delta.
Neste caso, a intensidade das quedas será balizada pelos dados sobre a atividade econômica dos EUA e da reação do Fed sobre a política monetária.
A narrativa principal permanece focada no que o Fed fará, e o ouro pode enfrentar pressão se os dados de emprego dos EUA de sexta-feira confirmarem o fortalecimento do mercado de trabalho.
Entretanto, vale ficar atento para as chances de uma nova onda de contaminação ganhar força e, consequentemente, ressuscitar as medidas de restrição da circulação de pessoas e mercadorias.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.