Os preços do petróleo caíram muito rápido devido às preocupações com a variante ômicron. Porém, o pânico do mercado pode ter feito com que o movimento de queda tenha sido exagerado.
Para o estrategista do banco Goldman Sachs, Damien Courvalin, a recente queda dos preços do petróleo foi muito maior do que deveria quando se leva em conta os efeitos potenciais da nova variante do coronavírus, a ômicron.
Desde a sexta-feira da semana passada (24/11) o Brent e o WTI caíram cerca de 13%, devido às preocupações de que a nova variante prejudique a demanda global.
Esse movimento foi considerado exagerado, conforme cálculos feitos por Courvalin.
“A falta de atividade de compra discricionária em face de uma nova variante COVID incerta, portanto, deixou os preços em queda livre e precificação em uma perspectiva de demanda terrível. Estimamos com base em nosso modelo de precificação, que o mercado agora precificou uma queda na demanda de 0,7 mb/d [milhões de barris por dia] nos próximos três meses, sem nenhuma resposta compensatória da OPEP+”.
Para Courvalin, a precificação do petróleo pelo mercado em geral é compatível com três cenários radicalmente incoerentes com qualquer estimativa sobre possíveis efeitos do novo evento sobre a demanda futura.
“Para colocar em contexto, isso representaria qualquer um destes resultados extremos: (1) nenhum avião voando ao redor do mundo por três meses, ou (2) metade da intensidade do bloqueio global do 2T20, ou (3) um mundo ainda pior do que antes das vacinações.”
Apesar de contra intuitivo, Courvalin entende que o motivo da queda está relacionado ao conjunto de incertezas que permeiam o ambiente econômico internacional.
“Vemos o movimento de queda nos preços como excessivo, mas compreensível no contexto de baixa liquidez de fim de ano e apetite pelo risco. Dadas as grandes incertezas neste momento, aguardamos mais notícias sobre o desenvolvimento da variante e restrições adicionais impostas antes de renovar nossa oferta e balanços de demanda e previsões do preço do petróleo, embora mais uma vez reiteramos nossa visão de que o mercado ultrapassou em muito o provável impacto da última variante sobre a demanda de petróleo com a reprecificação estrutural mais alta devido à mudança dramática na função de reação da oferta de petróleo ainda à nossa frente”.
As ações das principais petrolíferas Exxon Mobil e BP caíram 7,2% e 9,8%, respectivamente, nas últimas cinco sessões.
Já a Petrobras foi na contramão, subindo cerca de 9% desde o dia 24/11, com eventos internos direcionando as expectativas dos investidores.
Até às 12h de hoje (01/12), o Brent segue em alta de 1,38%, cotado a US$ 71,807 o barril, enquanto o WTI subia 1,51%, ao preço de US$ 68,403.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.