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Será que Magazine Luíza já caiu muito?

Por :
Anderson Rohweder
Atualizado: Dec 23, 2021, 11:39 UTC

As ações da Magazine Luíza (MGLU3) vem sendo muito comentadas nos últimos anos, principalmente pelos fortes movimentos que realizaram. Se antes a ação não parava de subir, agora parece que a queda não tem fim.

Será que Magazine Luíza já caiu muito?

Para entender a dinâmica de preços e um pouco do que aconteceu com as ações da Magazine Luíza, é interessante voltar no tempo até maio de 2011, quando a empresa abriu capital.

Observando o gráfico mensal, é notado que os primeiros anos foram difíceis. Entre junho de 2011 e julho de 2016 o ativo permaneceu trabalhando em um canal de baixa, chegando a perder quase 95% do valor de mercado.

É preciso lembrar que este período foi desafiador para o mercado brasileiro como um todo, pois o próprio Ibov trabalhava em tendência de baixa. Além disso, a taxa básica de juros (Selic) estava subindo ano após ano, reduzindo assim o consumo. Isso, por sua vez, afeta bastante as empresas do setor de varejo.

No final de 2016 o cenário mudou. O Brasil começou a crescer, a Selic foi sendo cortada e impulsionou o consumo. Como resultado, as ações da Magazine Luíza dispararam.

Entre agosto de 2016 e janeiro de 2020 o ativo subiu incríveis 48.300%.

Ou seja, se você tivesse comprado um lote de 100 ações em dezembro de 2015, ao custo de R$768,00, em janeiro de 2020 você teria 6.400 ações, valendo em torno de R$370.000,00.

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Essa multiplicação das ações se deve ao fato da empresa ter feito dois “splits”, ou seja, fez divisões entre as ações para tornar as mesmas mais baratas. Talvez você não lembre, mas o papel já chegou a custar mais de R$500,00!

Devido a essa supervalorização, a empresa fez dois splits, dividindo o valor da ação por 8, e multiplicando a quantidade de ações pelo mesmo fator. O gráfico mostra o preço ajustado, por isso, em 2015 o preço da ação aparece valendo centavos.

E a crise de 2020?

Com a crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus, as ações da Magazine Luíza também caíram bastante. A empresa chegou a perder quase 60% do valor de mercado em apenas dois meses.

No entanto, o cenário que se criou após o início da pandemia foi muito propício para a empresa.

A Magazine Luíza já vinha investindo no E-commerce e buscava abraçar o mercado digital. Com a pandemia, este mercado cresceu muito e a taxa Selic caiu para a mínima histórica. Isto impulsionou as ações ao ponto de a empresa fazer um novo split em outubro de 2020.

Da máxima pré-pandemia até o maior preço alcançado pelas ações, foram praticamente mais 100% de aumento. Ou seja, aqueles R$768,00 que você teria investido em dezembro de 2015, estariam valendo mais de R$700 mil em novembro de 2020.

Infelizmente, esse crescimento todo não condizia com a realidade. Apesar de a proposta que a Magazine Luíza estava, e continua, desenvolvendo ser muito boa, existia um verdadeiro abismo entre o valor da ação e o que a empresa estava entregando.

Mas a culpa disso não é da empresa, e sim do mercado, que estava supervalorizando as ações.

Fim da euforia, início do pânico!

Quando finalmente o mercado percebeu que os múltiplos fundamentalistas estavam consideravelmente altos em relação às demais empresas do setor, o preço começou a ceder.

Com o aumento da inflação em 2021, o Banco Central começou a elevar a Selic, o que pressionou ainda mais o preço das ações.

Da máxima alcançada em novembro à mínima feita nos últimos dias, a ação chegou a perder 80% de valor.

É óbvio que quem comprou o ativo na euforia do movimento de alta e não realizou lucros ou encerrou a operação com um pequeno prejuízo, deve estar preocupado com essa queda gigante. Entretanto, agora as ações estão em níveis de preços que condizem com a realidade.

Infelizmente o cenário para os próximos meses, ou quem sabe anos, não parece beneficiar a empresa. Com o aumento da inflação e da taxa Selic, é esperado que exista uma diminuição no consumo. O que impacta o setor de varejo como um todo.

Ainda assim, a Magazine Luiza tem um plano de crescimento muito interessante e suas ações devem voltar a subir no futuro. Claro que será difícil ver novamente uma movimentação de alta tão forte como foi no passado. O mais provável é que a empresa cresça à medida que for entregando resultados.

Em resumo, seria possível dizer que as ações da empresa caíram bastante, mas elas podem cair ainda mais. Por outro lado, talvez a Magazine Luíza seja a melhor empresa do setor no Brasil, e com os preços atuais, os múltiplos começam a ficar interessantes.

Quem sabe em um futuro próximo, as ações parem de cair e formem um padrão de alta, voltando a subir de forma mais condizente.

Sobre o Autor

Anderson é Mestre em Engenharia Mecânica pela UFSC, mas desde 2015 vem estudando e trabalhando com o mercado financeiro, a partir de 2019 passou também a atuar como educador financeiro ajudando outras pessoas a aprenderem técnicas e estratégias para se conhecerem e tirarem o melhor proveito do mercado. Apaixonado pela leitura, ela já leu centenas de livros relacionados ao mercado financeiro e desenvolvimento pessoal.

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