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Teremos uma Selic menor do que a esperada?

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 4, 2021, 17:17 UTC

Os dados ruins das vendas no varejo e da produção industrial acendem o alerta para uma provável interrupção do aperto monetário antes do previsto.

Banco Central em Brasília

O IBGE informou ontem (06/07) que as vendas do comércio varejista caíram 3,1% em agosto na comparação com julho de 2021. 

Essa foi a primeira queda após quatro taxas positivas consecutivas. No ano, o varejo acumula alta de 5,1% e nos últimos doze meses, crescimento de 5,0%.

O resultado veio pior do que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que as expectativas eram de alta de 0,7% na comparação mensal e de 2% sobre um ano antes.

Já a produção industrial brasileira caiu 0,7% na comparação do mesmo período, entre agosto e julho. Essa foi a terceira retração mensal consecutiva. 

No acumulado do ano, porém, o setor vem de alta de 9,2%. Em12 meses, a produção industrial tem avanço de 7,2%

O resultado veio pior que o esperado. Segundo consulta do Valor Data, a mediana das estimativas dos analistas de mercado era de queda de 0,4%.

Com a perspectiva de uma atividade econômica mais fraca, muitos agentes de mercado começam a enxergar possibilidades de um encerramento do aperto monetário antes do esperado.

Mercado precifica uma Selic menor

Com os dados do comércio e indústria abaixo do esperado, começa a surgir a ideia de que o Banco Central (BC) possa adotar uma política de juros menos rígida.

Essa possibilidade refletiu no mercado de juros futuros, com queda nos rendimentos dos contratos futuros de DI.

O DI para janeiro de 2023 recuou 20 pontos-base, a 9,06%; os contratos para janeiro de 2025 caiu 19 pontos-base a 10,10%; e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 18 pontos-base, a 10,50%.

Soma-se a isso o fato das principais altas do Ibovespa de ontem serem de ações ligadas ao varejo: 

  • B2W (AMER3): +7,31%
  • Magazine Luiza (MGLU3): +5,70%
  • Lojas Americanas (LAME4): +5,53%
  • Via Varejo (VIIA3): +3,43%

No geral, a perspectiva de uma economia mais fraca traz a leitura de uma provável desaceleração da inflação. Porém, o cenário futuro ainda é nebuloso e é perigoso apostar totalmente no arrefecimento do aperto monetário.

Problemas atrelados ao lado da oferta, como a crise energética e dos semicondutores, podem continuar pressionando os preços.

Já a incerteza quanto à condução da política fiscal e a corrida presidencial se aproximando cada vez mais, podem afetar o câmbio e requerer uma política monetária para conter os danos.

Como contraponto, economistas da ala heterodoxa questionam a efetividade da elevação da Selic para tratar uma inflação de oferta. Esse argumento é apoiado por dados que apontam para uma baixa demanda, derivada de desemprego elevado e massa salarial em queda.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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