As ações da Ásia fecharam o dia em alta, com investidores ainda reagindo às incertezas com a nova variante da Covid-19 e dados de inflação na zona do euro.
As bolsas da Ásia-Pacífico seguiram em recuperaram nas negociações desta quarta-feira (01/12) à medida que os investidores continuaram a avaliar o impacto da variante ômicron e os dados de inflação na Europa.
Ontem, as ações mundiais e os preços do petróleo caíram depois que a farmacêutica Moderna alertou que as vacinas atuais podem ser menos eficazes no combate à variante Omicron.
Também esteve no radar dados sobre a inflação da zona do euro, que atingiu um pico recorde nos últimos 24 anos.
Hoje, o Nikkei 225 fechou com alta de 0,41% no Japão. Já o índice coreano Kospi disparou 2,14%. O australiano ASX 200 perdeu 9,28%. Na China, o Shanghai Composite variou 0,36%.
O sentimento de risco entre os investidores de ações e commodities aumentou depois que o diretor executivo da farmacêutica Moderna lançou dúvidas sobre a eficácia das vacinas existentes para combater a variante ômicron.
O CEO da Moderna, Stephane Bancel, disse ao Financial Times que as vacinas Covid-19 provavelmente não serão tão eficazes contra a nova variante.
“Acho que não há mundo onde a eficácia esteja no mesmo nível que tivemos com a Delta. Acho que vai ter uma queda. Só não sei quanto, porque precisamos esperar pelos dados. Mas todos os cientistas com quem conversei estão tipo ‘isso não vai ser bom.’”
Embora não se saiba muito sobre a nova variante do coronavírus, os mercados estão nervosos devido ao medo de novos bloqueios e de estagnação da recuperação econômica.
Uma nova onda de contaminação e paralisação da produção afetaria mais ainda a inflação global, a qual continua penalizando as economias mundiais e pressionando os bancos centrais a realizar políticas monetárias contracionistas.
Outra notícia que deixou os mercados pessimistas são os dados da inflação na zona do euro.
Os números oficiais mostram que os preços ao consumidor nos 19 países que usam a moeda euro estão subindo a uma taxa recorde.
A Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, disse na terça-feira (30/11) que a taxa de inflação anual da zona do euro deverá ser de 4,9% em novembro, em grande parte como resultado de um grande aumento nos custos de energia.
Esse é o maior número desde o início dos registros em 1997, e aumentou de 4,1% no mês anterior.
Ainda que a inflação esteja acima da meta de 2% do BCE (Banco Central Europeu), é pouco provável que o órgão realize qualquer ação política nos próximos meses.
A justificativa do BCE é que o aumento da inflação é temporário e causado por uma série de fatores pontuais, os quais devem desaparecer com o tempo.
Neste contexto, uma ação política seria contraproducente no momento, afirmaram funcionários da UE (União Europeia) à Reuters.
“Iríamos causar desemprego e altos custos de ajuste e, mesmo assim, não teríamos contrabalanceado o atual nível de inflação”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.