Preocupações com o descontrole fiscal no Brasil, o avanço da Covid-19 na Europa e o futuro dos juros dos EUA movimentaram os mercados hoje.
O mau humor se instalou entre os investidores do mercado nesta quarta-feira (17/11). Enquanto o Ibovespa caía 1,54%, chegando aos 102.735 pontos, o dólar avançava para R$ 5,53, com variação de 0,41%.
Os destaques do noticiário são as movimentações sobre o futuro das contas públicas brasileiras, o avanço da Covid-19 na Europa e as pressões de demanda sobre a inflação e os juros norte-americanos.
O mercado não reagiu bem às declarações do presidente Jair Bolsonaro de que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Congresso irá abrir espaço para a concessão de reajuste aos servidores públicos federais.
Sua fala foi no sentido de justificar o eventual aumento como resposta a um congelamento dos salários e à inflação.
Os comentários endossam receios de investidores sobre uma política fiscal ainda mais expansionista por parte do governo e temores ainda maiores quanto às possibilidades de descontrole nas contas públicas
A pressão pelo Auxílio Brasil impôs derrota à agenda de austeridade fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e provocou forte deterioração nos ativos domésticos ao longo de outubro.
Mais cedo, o Ministério da Economia divulgou uma piora nas previsões para a inflação no Brasil, projetando agora uma alta de 9,7% no final do ano.
As vendas no varejo dos EUA aumentaram mais do que o esperado em outubro, conforme dados mostrados em relatório do Departamento de Comércio, na terça-feira.
Os dados reacendem a preocupação com os efeitos da demanda sobre a inflação e, consequentemente, nas expectativas de aperto monetário a ser implementado pelo Fed.
O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse ontem que o banco central deveria “seguir uma direção mais agressiva” nas próximas reuniões para se preparar caso a inflação não comece a diminuir.
Com isso, o mercado segue analisando as chances do Federal Reserve (Fed) aumentar as taxas de juros mais rápido do que o esperado.
Já o Euro estagnou perto de sua baixa de 16 meses para o dólar, enquanto a Europa sofria de preocupações com o crescimento em meio a um novo aumento nos casos de COVID-19.
Na última semana do mês de outubro, a Europa e a Ásia Central foram responsáveis por 59% de todos os novos casos da doença e 48% dos óbitos.
Em números, foram quase 1,8 milhão de novos casos e 24 mil novas mortes relatadas em decorrência do coronavírus.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se a tendência de alta se manter, essas regiões poderão registrar mais meio milhão de óbitos por covid-19 até fevereiro de 2022.
Hoje, os casos graves da doença têm se concentrado entre grupos não vacinados, especialmente em países com baixa cobertura vacinal.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.