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Grandes fundos de hedge intensificam apostas no petróleo

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 4, 2021, 17:12 UTC

Petróleo sobe mais uma vez e a perspectiva de chegar a US$ 90 por barril tem se tornando cada vez mais realista.

Bomba de petróleo em Midland, no Texas, EUA.

Nesse artigo:

Ontem (25/10) o West Texas Intermediate (WTI) atingiu o nível mais alto desde 2014, alimentando um forte sentimento de alta no mercado de petróleo.

Hoje (26/10) as cotações seguem o mesmo ritmo de alta, com o Brent subindo 0,54% e o WTI se elevando em 1,05%.

De acordo com informações de John Kemp, analista de energia da Reuters, os fundos de hedge compraram mais petróleo e seus derivados nas últimas oito semanas do que venderam.

Os fundos de hedge servem como um importante termômetro para o sentimento dos investidores em geral, pois são mais flexíveis e tendem a acompanhar os “ventos” do mercado.

Segundo dados de Kemp, os fundos de hedge compraram o equivalente a 188 milhões de barris no período de 8 semanas.

O que talvez seja ainda mais revelador é que os fundos de hedge aumentaram suas posições de alta sobre o petróleo em 11 milhões de barris, enquanto as novas posições de baixa chegaram a apenas cerca de 1 milhão de barris, disse Kemp.

Isso significa que a maioria dos participantes do mercado dessa variedade de fundos, como os bancos de investimento, esperam preços ainda mais altos.

Essa visão é compartilhada por outros analistas. 

Para Louise Dickson, analista de mercados de petróleo da Rystad Energy, “a crise no fornecimento global de energia continua mostrando seus dentes, à medida que os preços do petróleo estendem sua marcha de alta esta semana”.

Já Rand Ollenberg, analista da BMO Capital Markets, avalia que “estamos em uma situação muito sensível ao clima, onde poderíamos ver os preços do gás natural até mesmo dobrar daqui em diante se tivermos um clima muito frio, e poderíamos ver os preços do petróleo brent rolarem para cerca de US$ 100”.

“Pode haver alguns aumentos bastante significativos nos preços se verificarmos um clima realmente frio no início de dezembro [na Europa e na Ásia]”, completou Ollenberg.

Entre os bancos que projetam preços mais altos por mais tempo está o Goldman Sachs. O banco norte-americado prevê que o barril do brent se mantenha acima dos US$ 85 até 2023. 

Ainda de acordo com o banco de investimento, a recuperação da demanda global, ajudado pela recuperação do consumo na Ásia, pode forçar os preços do petróleo Brent acima dos US$ 90 por barril.

Isso porque a demanda seria impulsionada pela mudança do gás para o petróleo nas usinas. O consumo adicional é estimado pelo banco em cerca de 1 milhão de barris por dia.

Restrições do lado da oferta

Do lado da oferta, temos indícios para crer que as restrições continuarão indefinidamente. 

Em entrevista à Bloomberg, o ministro saudita da energia, Abdulaziz bin Salman, disse que a mudança do gás para o petróleo está acontecendo a taxas insignificantes. 

Há também certa incerteza de que o cenário de elevada demanda global não seja tão sustentável no longo prazo. 

Os receios com a evolução da Covid-19 e os riscos do mercado imobiliário chinês seguem no radar dos produtores de petróleo.

Tudo isso justifica as decisões dos membros da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados) a conterem o crescimento do fornecimento da commodity.

Dessa forma, com a OPEP+ controlando a produção adicional e o crescimento observado da demanda nos últimos tempos fazem crer que as expectativas de aumento dos preços estão bem fundamentadas. 

Enquanto a realidade não revela outro contexto, o esperado é que os fundos continuem comprando petróleo. 

Por fim, vale mencionar que o que parece ser um balizador dos preços futuros são as expectativas em relação ao frio no hemisfério norte. 

Ou seja, se o inverno for mais ameno do que o temido, poderemos ver uma queda nos preços do petróleo, gás natural e carvão em breve.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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