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Até onde vai o petróleo?

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 4, 2021, 17:13 UTC

A subida dos preços do petróleo parece não ter fim. A cotação do brent ultrapassou os US$ 85, enquanto o WTI segue acima dos US$ 84.

Amostra de petróleo

Nesse artigo:

Os valores do brent e do WTI mais do que dobraram desde o colapso econômico provocado pela pandemia da Covid-19.

No geral, os investidores e especuladores no mundo todo vêm apostando na manutenção dos desequilíbrios estruturais, que jogam a oferta da commodity para patamares abaixo da demanda global.

O descompasso entre oferta e demanda é provocado principalmente pela crise energética. Os crescentes preços do gás natural na Ásia estão levando os consumidores e industriais a comprar mais petróleo para uso na geração de energia.

Desequilíbrio entre oferta e demanda

Do lado da demanda, temos a recuperação das principais economias após as políticas expansionistas e a gradual queda das restrições à mobilidade, na medida em que os números de mortes e contágios pela Covid-19 vão diminuindo.

Já do lado da oferta, temos que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, têm mantido a cautela em aumentar a oferta no mercado internacional. 

A justificativa é que há ainda receio em relação a possíveis cortes na produção dos países, como ocorreram durante as fases iniciais da pandemia.

Segundo o Ministro da Energia da Arábia Saudita, Príncipe Abdulaziz bin Salman, em entrevista concedida à Bloomberg Television, na segunda-feira, a Opep+ deve manter a sua abordagem cautelosa, dada a ameaça que a pandemia ainda representa para a demanda. 

A teoria do déficit de oferta no mercado de petróleo vem de longa data.

Desde o colapso dos preços em 2014, vários analistas têm argumentado para a possibilidade de a demanda superar a produção como resultado do subinvestimento.

No geral, há um apetite cada vez menor dos investidores para financiar atividades ligadas à exploração e refino de combustíveis fósseis. 

Os maiores bancos franceses, por exemplo, disseram que vão limitar o financiamento da indústria de xisto e de gás natural a partir do início do ano que vem. 

A mesma dificuldade foi encontrada no Equador. Inclusive, neste caso, o país teve que dobrar a quantidade de bancos que poderiam fornecer garantias de crédito, pois instituições financeiras têm evitado financiar petróleo extraído da Amazônia.

Estimativas para o petróleo

As estimativas em relação ao futuro do preço do petróleo são bastante diversas. 

Entre os bancos que projetam preços mais altos por mais tempo está o Goldman Sachs. O banco norte-americado prevê que o barril do brent se mantenha acima dos US$ 85 até 2023. 

Ainda de acordo com o banco de investimento, a recuperação da demanda global, ajudado pela recuperação do consumo na Ásia após a recente onda de Covid-19 causada pela variante delta, pode forçar os preços do petróleo Brent acima dos US$ 90 por barril.

Outras instituições mantém uma previsão mais baixa para o preço da commodity. 

O Morgan Stanley aumentou sua estimativa de longo prazo em US$ 10, para US$ 70 na semana passada. Já o BNP Paribas calcula uma cotação de cerca de US$ 80 até 2023. 

Por fim, há aqueles que acreditam que o patamar atual da cotação do petróleo é insustentável. É o caso do Citygroup, que afirmou em relatório este mês que o preço do barril deve se manter entre US$ 40 e US$ 55 no longo prazo.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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