Anúncio
Anúncio

Guerra do petróleo à vista: Biden libera reservas estratégias e retaliação da OPEP é esperada

Por :
Tales Rabelo Freitas
Publicado: Nov 23, 2021, 14:56 GMT+00:00

Movimentações políticas acirram a guerra em torno do petróleo. Como resultado, commodity dispara e volatilidade é esperada para os próximos dias.

Guerra do petróleo à vista: Biden libera reservas estratégias e retaliação da OPEP é esperada

Nesse artigo:

A principal notícia do dia envolvendo o petróleo é a de que o presidente dos EUA, Joe Biden, efetivamente ordenou a liberação de 50 milhões de barris de petróleo das Reservas Estratégicas de Petróleo (SPR na sigla em inglês).

A ação deverá ser implementada junto com vários outros países demandantes de petróleo, como a China, Índia, Japão, República da Coreia e Reino Unido.

Porém, expectativas e relatos apontam para uma possível retaliação por parte da OPEP+ (Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados) caso a estratégia dos países demandantes seja concretizada. 

Como resultado, o petróleo disparou fortemente agora pela manhã. Até às 11h45, o Brent subia 2,74% e o WTI 12,67%.

Biden e aliados anunciam liberação de reservas

O presidente Joe Biden anunciou hoje que ordenou a liberação de 50 milhões de barris de petróleo das reservas estratégicas.

Essa é uma tentativa coordenada com outros países para reduzir o crescente aumento dos preços dos combustíveis.

Segundo informação da Casa Branca, “esta decisão será tomada em paralelo com outras nações que têm um consumo importante de energia, como China, Índia, Japão, República da Coreia e Reino Unido”.

A iniciativa é apresentada como inédita pelos americanos. O objetivo é fazer os preços caírem através do aumento da oferta. 

Segundo um funcionário de alto escalão do governo americano, a liberação começará entre meados e final de dezembro. 

É possível que novas intervenções para estabilizar o mercado sejam feitas. De acordo com a CNN, quase uma dúzia de congressistas democratas estão pedindo ao presidente não apenas a liberação dos barris da SPR, mas também a proibição das exportações de petróleo dos EUA.

Retaliação da OPEP+

Frente à guerra declarada pelos países demandantes, a OPEP + emitiu um grave aviso aos Estados Unidos, Japão, China, Índia e Coréia do Sul. Caso haja a liberação de petróleo das reservas estratégicas, é de se esperar que uma resposta seja tomada por parte do cartel internacional. 

Essa resposta, embora a OPEP+ não tenha mencionado números específicos, provavelmente mudaria seus planos para aumentar a produção mais lentamente para compensar os barris extras liberados.

Os delegados da OPEP +, de acordo com a Bloomberg, disseram esta semana que a liberação de milhões de barris de SPRs dos principais consumidores de petróleo não é suportada pelas condições de mercado.

A OPEP + vem dizendo há mais de um mês que o mercado logo entrará em superávit, alertando os mercados globais de petróleo contra serem precipitados e agressivos quando se trata de aumentar a produção.

Histórico de disputas envolvendo o petróleo

A história mostra que os membros da OPEP+ estão dispostos a fazer o que for preciso para manter sua participação no mercado e os preços dentro de uma faixa ideal. 

A organização internacional foi criada em 1960 na Conferência de Bagdad que visa coordenar e centralizar a política petrolífera dos seus estados-membros.

Desde então, a OPEP agiu em vários momentos para restringir a produção de petróleo para fins políticos e econômicos.

Os casos mais emblemáticos foram os choques do petróleo em 1973 e 1979. Na primeira ocasião, a commodity disparou mais de 400%, enquanto que na segunda o aumento foi de cerca de 200%.

Em ambos os casos, o mundo sofreu um forte baque econômico, que derrubou o crescimento e elevou a inflação em diversos países.

Mais recentemente, em 2020, pouco antes da pandemia, a Rússia e a Arábia Saudita se engajaram em um acordo envolvendo produção e exportação de petróleo.

O acordo veio após uma forte disputa pela participação do mercado, e incluiu os EUA. O resultado foi devastador para os mercados, que logo depois disso tiveram que lutar contra a severa destruição da demanda de petróleo causada pela pandemia da Covid-19.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio
Anúncio