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Inflação de setembro vem com forte alta; impacto vem de energia e combustíveis

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Nov 4, 2021, 17:17 UTC

O IBGE divulgou hoje o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de setembro. O resultado de 1,16% ficou levemente abaixo das expectativas.

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Essa foi a maior taxa de inflação para meses de setembro desde o início do Plano Real, em 1994.

Apesar disso, o resultado ficou próximo do esperado por analistas do mercado. Conforme consulta feita pelo Valor Data, a mediana das projeções de 38 instituições financeiras e consultorias apontava para um IPCA de 1,25%. 

Esse valor elevado das expectativas se deveram aos aumentos dos combustíveis e da energia elétrica.

Em setembro, entrou em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

No mais, dos 10 grandes grupos do índice, apenas três tiveram aumento em relação a agosto: Habitação, Transportes e Saúde e Cuidados Pessoais.

Os demais componentes, como alimentação e vestuário, aumentaram menos do que em agosto.

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Agosto Setembro Agosto Agosto
Índice Geral Índice Geral 1,16 0,87 1,16
Alimentação e Bebidas 1,39 1,02 0,29 0,21
Habitação 0,68 2,56 0,11 0,41
Artigos de Residência 0,99 0,9 0,04 0,04
Vestuário 1,02 0,31 0,04 0,01
Transportes 1,46 1,82 0,31 0,38
Saúde e Cuidados Pessoais -0,04 0,39 -0,01 0,05
Despesas Pessoais 0,64 0,56 0,06 0,06
Educação 0,28 -0,01 0,02 0
Comunicação 0,23 0,07 0,01 0
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

O que esperar daqui pra frente?

Diante dos dados divulgados hoje, é possível projetar uma inflação menor nos próximos meses. Isso se a desaceleração verificada na maioria dos componentes do IPCA se mantiver.

Se considerarmos o relatório Focus, as expectativas são de que a inflação termine o ano em 8,51%. Esse valor é menor do que o IPCA acumulado dos últimos 12 meses (10,78%.) 

Uma desaceleração mais rápida da inflação, combinado com a queda da produção industrial e das vendas do varejo, poderia contribuir para uma revisão da política monetária

Porém, outros fatores permanecem no radar, como o risco político e a retomada dos serviços.

Atenção para o setor de serviços

A inflação brasileira poderia ser mais alta se não fosse a fraca recuperação do setor de serviços. Os preços deste grupo vem acumulando alta de 4,41% em 12 meses, bem abaixo do IPCA.

Isso ocorre porque o setor ainda está em processo de recuperação. Os serviços ainda sentem os efeitos do elevado nível de desemprego e as paralisações causadas pela pandemia.

Com a queda dos índices de mortalidade e contaminação pela Covid-19, o esperado é que o setor volte a funcionar normalmente. 

Sendo assim, um possível aumento da demanda por serviços contribuiria para aumentar a capacidade de repasse dos acréscimos dos custos ao longo dos últimos períodos. Isso, por sua vez, retroalimentaria a inflação.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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