A análise do custo anual de abastecimento da Rystad Energy revelou que os custos no setor caíram consideravelmente em 2021, tornando o novo petróleo mais competitivo e significativamente mais barato de produzir.
De acordo com a Rystad Energy, empresa de consultoria de petróleo e gás natural, o preço médio de equilíbrio para novos projetos de petróleo está em cerca de US$ 47 por barril.
Esse valor representa uma queda de cerca de 8% em relação ao ano passado e 40% desde 2014, com o petróleo em águas profundas permanecendo uma das fontes menos caras de novo abastecimento.
O preço médio de equilíbrio para novos projetos indica o valor por barril que é suficiente para pagar 100% dos custos e despesas dos novos empreendimentos. Nesta conta inclui custos operacionais, de afretamento das plataformas, manutenção do ativo e pagamentos de participações governamentais.
Dizer que o preço de equilíbrio é de US$ 47 por barril significa que só vale a pena investir em novos projetos de exploração de petróleo se o preço por barril estiver, no mínimo, neste patamar.
Segundo a Rystad Energy, o preço de equilíbrio para novos projetos caiu fortemente nos últimos anos.
“Nossa curva de custo de oferta para líquidos indica que, em 2014, um preço do petróleo de cerca de US $ 100 por barril era necessário para produzir 100 milhões de barris por dia (bpd) em 2030. Em 2018, o preço do petróleo exigido estava perto de US $ 55 por barril e, em 2020, caiu para US $ 45 por barril. Nossa última estimativa permanece inalterada este ano em US $ 45 por barril para 100 milhões de bpd de produção em 2030.” disse a empresa de consultoria em análise divulgada ontem (17/10).
Vale mencionar que este é o preço de equilíbrio para novos projetos. Para os projetos já existentes, que contam com infraestrutura já instalada, os preços de equilíbrio são menores.
A Petrobrás, por exemplo, conta custos operacionais estimados da ordem de US$ 28 por barril, na média do 3T21.
Esse valor foi de cerca de 39% do preço médio do Brent para o mesmo período (US$ 73 por barril).
Após a extração, a Petrobras tem duas opções quanto a destinação dada ao petróleo. Pode refiná-lo e transformá-lo em combustíveis (diesel, gasolina, gás liquefeito de petróleo, etc.) ou exportá-lo para o mercado externo.
Essa proporção depende da capacidade produtiva e tecnológica das refinarias; dos preços dos derivados e do petróleo exportado e dos custos de Exploração e Produção (E&PO e refino.
Para cada uma dessas opções, a Petrobras possui custos e preços diferenciados a fim de garantir uma determinada margem tanto para o petróleo refinado, como para aquele cujo destino é a exportação.
O cenário atual para o petróleo é de incerteza, o que tem gerado forte volatilidade nos mercados. A commodity vem de queda nos últimos dias, após alcançar o nível mais alto desde agosto de 2014.
Os preços atingiram altas de sete anos em outubro, enquanto o mercado se concentrava na rápida recuperação da demanda que veio com o fim dos bloqueios para conter a disseminação do coronavírus.
A alta foi alimentada em parte pela estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, chamados OPEP+, de aumentar a produção apenas lentamente.
A Agência Internacional de Energia e a OPEP disseram nas últimas semanas que haverá mais oferta disponível nos próximos meses.
Até às 12h23 desta quinta-feira o petróleo Brent caia 0,14%. Já o WTI caia 0,17%, a US$ 78,15 o barril.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.