Apesar da manutenção do plano de oferta da OPEP+, petróleo segue correção com receio de arrefecimento de demanda global e elevação de estoques.
Em reunião por videoconferência, membros da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) decidiram por não alterar os planos de expansão de fornecimento de petróleo.
A decisão do grupo foi de reiterar os planos de aumentar a produção nos meses seguintes em 400 mil barris por dia.
Desde julho deste ano, o acordo dos membros prevê o aumento da produção da commodity nessa mesma quantidade mês a mês, até pelo menos abril de 2022.
Esse aumento é insuficiente para a retomada do nível de produção anterior à crise da pandemia da Covid-19, quando o cartel decidiu por realizar uma forte restrição na oferta.
Em abril de 2020, com a forte queda da demanda, a OPEP+ decidiu por fazer um grande corte na produção, na faixa de 10 milhões de barris por dia.
A decisão por manter o lento ritmo de ajuste de oferta ocorre mesmo com a pressão das nações consumidoras, como EUA, China, Japão e União Europeia.
A manutenção da restrição de oferta contribui para a inflação dos países, devido ao encarecimento da energia, e o risco de desaceleração do crescimento econômico global.
De acordo com a Bloomberg, os EUA pediram à OPEP + para aumentar a produção em dezembro entre 600 e 800 mil barris por dia, entre 50% e 100% acima do aumento planejado.
Apesar da oferta seguir restringida, o petróleo caiu nos últimos dias. O Brent caiu mais de 4% desde o seu pico, em 17 de outubro. Já o WTI retraiu cerca de 5,4% no mesmo período.
A preocupação do mercado é que uma provável desaceleração global possa arrefecer a demanda.
Os riscos econômicos ficam mais claros à medida que o Fed começa a reduzir seu programa de compra de títulos.
Outro motivo para a reversão dos preços surgiu quando o American Petroleum Institute (API) relatou um aumento de estoque de petróleo bruto de 3,594 milhões de barris. O valor é o dobre das previsões dos analistas, que esperavam um estoque de 1,567 milhões de barris.
Com isso, os fundos de hedge acenderam o sinal de alerta e começaram a pisar no freio em sua onda de compra de petróleo, conforme mostrou o último relatório do Commitment of Traders (COT) da US Commodity Futures Trading Commission.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.