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Para onde irá o Ibovespa em 2022? Veja as principais estimativas

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Dec 22, 2021, 13:52 UTC

As expectativas apontam para uma valorização da bolsa no próximo ano. Porém, os riscos internos e externos são ainda grandes e podem causar revisões nas projeções.

Para onde irá o Ibovespa em 2022? Veja as principais estimativas

Nesse artigo:

Como de costume para a maioria das pessoas, o fim de ano é época de fazer retrospectivas e desenhar projeções para os próximos 12 meses.

Isso não é diferente no mercado financeiro.

Sabemos que 2021 foi um ano de muita turbulência, com recorde de 130 mil pontos no Ibovespa e uma forte queda em seguida, que levou o índice para o patamar dos 100 mil pontos.

Para 2022 o cenário não deve ser diferente. As eleições prometem ser um fator de forte volatilidade para a bolsa e o câmbio.

Além disso, há a incerteza de até quando o Banco Central levará a Selic. Campos Neto tem sido implacável com a inflação, mas até que ponto desconsiderará os efeitos do aperto monetário na atividade econômica?

Ah, e não podemos deixar de fora a conjuntura externa, com as expectativas apontando para uma recuperação mais lenta da China e aumento de juros nos EUA. 

Dentro deste contexto, vejamos quais as estimativas das principais instituições financeiras para a bolsa de valores do Brasil.

BB Investimentos

Para o BB Investimentos o Ibovespa deve chegar aos 137 mil pontos até o fim de 2022. Caso se concretize essa projeção, teremos uma valorização de cerca de 30%, considerando o fechamento de ontem (21/12).

Segundo a corretora do Banco do Brasil, a forte queda deste ano abriu espaço para investimento na bolsa. 

Apesar dos problemas políticos que deverão ocorrer em 2022, o cenário micro é favorável e deverá ser o principal vetor de crescimento. 

Para a instituição, as empresas deverão entregar bons resultados, mesmo diante da desaceleração do crescimento econômico. 

Porém, o BB Investimentos chama atenção para os potenciais riscos que podem fazer com que a projeção seja revista. 

“Como são muitas as incertezas acerca do crescimento para o ano que inicia, que ainda sofrerá com pressão inflacionária e juros no patamar de dois dígitos, essa pontuação tende a ser revista à medida que forem sendo divulgados os resultados das empresas, bem como pelo refinamento da nossa visão sobre as taxas de desconto”, argumenta.

Entre os possíveis problemas está a elevada probabilidade de piorar a liquidez global devido ao efeito da alta dos juros no mercado norte-americano. 

Caso o Fed mantenha sua política de aperto monetário, o efeito deverá ser uma fuga de recursos para fora, movimento que ocasionará uma pressão adicional em nossa Bolsa.

Bradesco

De acordo com o último relatório do Bradesco BBI, as ações brasileiras continuam a ser um caso de alto risco, dadas as incertezas, mas possuem uma assimetria para o lado positivo.

As projeções da instituição apontam para Ibovespa negociado aos 130 mil pontos ao fim de 2022.

Vale lembrar que essa estimativa está bem abaixo dos 150 mil que o próprio time de análise fez anteriormente.

Ainda assim, caso estejam certos, o potencial de valorização das ações brasileiras é de cerca de 23%.

O Bradesco BBI acredita que o principal fator catalisador da alta será uma convicção cada vez maior entre os investidores de que um ajuste fiscal mais rígido será feito após as eleições.

Os demais vetores de crescimento ficam por conta do maior apetite global ao risco, surpresas positivas no crescimento do lucro das empresas e riscos inflacionários se dissipando.

BTG Pactual

Para o BTG Pactual, o Ibovespa deverá encerrar o próximo ano por volta dos 132 mil pontos. Segundo o time de analistas, esse cenário “pode parecer otimista em relação à situação atual, mas viável se o Brasil voltar aos trilhos”.

Caso se concretize, isso significaria um potencial de valorização da ordem de 25% em relação ao patamar atual. 

Nessa projeção, o banco de investimentos levou em conta suas estimativas para o lucro das empresas em 2022. 

O cenário base leva em conta como premissas um múltiplo P/L (preço da ação dividido pelo lucro por ação) de 12,7x do Ibovespa em 12 meses (excluindo Petrobras e Vale). Esse valor estaria em linha com a média histórica do índice.

Já no cenário macro, o banco leva em conta uma inflação de 3,5% e taxas de juros reais de longo prazo de volta a 4%, patamar em que estavam há alguns meses. Também está na conta do banco um crescimento real do PIB de longo prazo de 2%.

XP Investimentos

Segundo a XP Investimentos, o Ibovespa deve alcançar os 123 mil pontos no ano que vem. Isso representa uma valorização de aproximadamente 16%.

Segundo o relatório assinado pelos estrategistas, o índice segue barato, mas as métricas deprimidas de valuation, por si só, não são garantias de valorização do Ibovespa em 2022. 

“O índice Ibovespa continua barato, com sua relação P/L (Preço/Lucro) de 12 meses atualmente sendo negociada em 7,6x, um desconto de quase 30% em relação à sua média de 15 anos de 11,2x. Ao retirar as duas maiores empresas de commodities do índice, Vale e Petrobras, vemos que a relação P/L continua abaixo de sua avaliação histórica, em 10,6x”, afirmam os analistas da XP.

Por outro lado, a corretora afirma que pode mudar sua projeção se os riscos nacionais e globais diminuírem. 

Morgan Stanley

Em relatório sobre perspectivas para a América Latina, o Morgan Stanley definiu uma pontuação-alvo de 120 mil pontos para o Ibovespa ao final de 2022. 

A perspectiva é mais pessimista em relação às demais instituições, e representa uma alta potencial de cerca de 13%.

Apesar disso, o banco afirma que seus indicadores sugerem que as ações brasileiras estão baratas em relação à média histórica dos últimos 18 anos. 

Por isso, o Morgan Stanley disse estar com uma exposição maior em ativos do Brasil para o próximo ano, com recomendação de “overweight” (acima da média do mercado). 

Contudo, o Morgan Stanley chama atenção para os riscos e diz estar cauteloso em sua alocação de ativos no Brasil, por acreditar em pressões negativas que jogam contra a valorização dos papéis.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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