Vale busca se aproximar novamente de siderúrgicas latino-americanas enquanto que a demanda por minério e produção de aço na China decaem.
Assim como a maioria das empresas do setor, a mineradora Vale está preocupada com a demanda chinesa nas últimas duas décadas.
Isso porque a China está pisando no freio na produção de aço em uma tentativa de conter a poluição e o consumo de energia.
A crise energética também conta como justificativa adicional para o controle da produção. O governo chinês ordenou aos produtores de aço que reduzissem a produção para aliviar a pressão sobre a rede elétrica do país.
Consequentemente, no terceiro trimestre deste ano, a produção de aço do país caiu 13% com relação ao ano anterior, para 243,8 milhões de toneladas, de acordo com dados compilados pela ANZ Research.
Para contornar a queda da demanda chinesa por minério de ferro, a Vale tem buscado fortalecer outros mercados, como a América Latina.
E embora a crescente demanda por aço na América Latina esteja começando a estagnar, ela permanece perto de níveis máximos de vários anos.
Países como o próprio Brasil têm produzido mais aço e consumindo mais minério de ferro local.
“Chegou a hora de pelo menos convidá-los para ir ao cinema e talvez namorar e se casar”, disse o chefe de ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, a executivos do setor siderúrgico em um evento do setor organizado pela associação siderúrgica latino-americana Alacero.
Obviamente, a Vale não vai ignorar a China, uma vez que o gigante asiático respondeu por 62% de suas vendas de minério de ferro e pelotas no último trimestre. As Américas representaram apenas 12%.
A Vale, uma das maiores fornecedoras de minério de ferro do mundo, junto com a BHP e Rio Tinto, está em negociações para estabelecer parcerias com usinas em todo o mundo para desenvolver soluções para limpar o processo de produção de aço.
A mineradora brasileira assinou memorandos de entendimento com oito empresas, embora apenas uma delas seja latino-americana: a Ternium.
A empresa está procurando usuários de suas tecnologias de ferro mais limpas, como briquetes verdes.
Spinelli tem observado que os esforços da indústria siderúrgica latina para aumentar o uso de energia renovável pode tornar a região uma plataforma única para compensação de carbono.
Os contratos futuros do minério de ferro na China despencaram na quinta-feira (18/11) para seu nível mais baixo em mais de um ano.
O minério de ferro mais negociado para entrega em janeiro na Bolsa de Commodities de Dalian fechou em queda de 5,1%, a 511,50 iuanes (US$ 80,21) a tonelada, após atingir 510,50 iuanes no início da sessão, o menor valor desde 4 de novembro de 2020.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato da commodity para dezembro caía 2,5%, para 86,30 dólares a tonelada.
Para os analistas da Zhongzhou Futures Co Ltd, “o preço do minério de ferro ainda não atingiu o limite mínimo”.
Enquanto os cortes na produção de aço chinês se mantiverem, a expectativa é de que os preços continuarão em queda.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.