As ações da Ásia-Pacífico caíram nesta terça-feira. No radar, os investidores focaram nos desdobramentos da variante ômicron, nos dados do PMI da China e expectativas sobre medidas do Fed.
As ações da Ásia-Pacífico caíram nas negociações da manhã de terça-feira, com os investidores precificando os desenvolvimentos em torno da variante Covid do Omicron.
O CEO da Moderna, Stephane Bancel, disse ao Financial Times na segunda-feira que espera que as vacinas sejam menos eficazes contra a nova cepa.
Também esteve no radar no início do pregão a divulgação dos dados de atividade industrial chinesa para novembro.
O Nikkei 225 do Japão perdeu 1,63%, enquanto o Kospi da Coreia do Sul recuou 2,42%.
Na Austrália as ações firam na contramão nas negociações desta madrugada, com o ASX 200 ganhando 0,22%.
Já o Shanghai Composite ficou estável com variação de 0,03%.
A atividade industrial da China acelerou inesperadamente em novembro, crescendo pela primeira vez em três meses à medida que os preços das matérias-primas caíam e o racionamento de energia diminuía.
Com isso, a situação do setor melhorou perante o cenário anterior de fraca demanda e estagnação.
O Índice do Gerente de Compras (PMI) da manufatura ficou em 50,1 em novembro, acima dos 49,2 em outubro, segundo dados do National Bureau of Statistics (NBS) divulgados nesta terça-feira.
A marca de 50 pontos separa o crescimento da contração. Os analistas esperavam que o indicador chegasse a 49,6 no mês, o que evidenciaria uma retração.
A segunda maior economia do mundo, que apresentou uma recuperação impressionante da crise pandêmica do ano passado, perdeu ímpeto na segunda metade do ano, enquanto se debate com a desaceleração do setor manufatureiro, problemas de dívida no mercado imobiliário e surtos de COVID-19.
Os analistas esperam uma desaceleração adicional no crescimento do produto interno bruto (PIB) no quarto trimestre, de um aumento anual de 4,9% no trimestre anterior.
Outra notícia relevante nesta terça-feira é a fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), sobre a necessidade de atenção em relação aos desdobramentos da nova variante do coronavírus.
Apesar dos argumentos dos membros do Fed e das expectativas de analistas do mercado, as observações de Powell sugerem que a incerteza adicional levantada pela variante ômicron pode complicar os próximos passos do Fed.
“Uma preocupação maior com o vírus poderia reduzir a disposição das pessoas para trabalhar presencialmente, o que desaceleraria o progresso no mercado de trabalho e intensificaria as interrupções na cadeia de suprimentos”, disse Powell.
Como consequência, o Fed poderia ser levado a prorrogar a flexibilização monetária sem que a inflação seja afetada.
No entanto, se a nova variante causar outra onda de fechamentos de fábricas na China, Vietnã ou outros países asiáticos, este cenário poderia piorar os problemas da cadeia de suprimentos, especialmente se os americanos continuarem comprando mais móveis, eletrodomésticos e outros bens.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.