Uma das expectativas que se tinha sobre a alta da Selic era com relação à inflação e ao dólar. Normalmente, quando se sobe o juro, tanto a inflação quanto o dólar recuam, mas não é isso que vem ocorrendo.
Mesmo com a taxa Selic em 9,25% e com a redução das expectativas para a inflação em 2021, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,69, alta de 0,17%.
Se os sinais monetários melhoraram, porque o dólar não recua? Porque ainda há tanta volatilidade?
O FED, o Banco Central dos Estados Unidos, deu início a sua reunião para definir qual será os próximos passos da política monetária.
Até o momento, os Estado Unidos vem trabalhando com juro “zero”. O mercado aguarda o aumento do juro somente a partir do segundo semestre de 2022.
Porém, como a inflação nos Estados Unidos vem aumentando e o desemprego vem alcançando níveis pré-pandemia, o FED pode reconhecer que não há mais necessidade de permanecer com o juro baixo, dando início a alta dos juros ainda no primeiro semestre de 2022.
Com uma movimentação assim, os mercados mundiais serão impactados, uma vez que os títulos norte-americanos vão começar a se tornar mais atraentes.
Com os títulos norte-americanos pagando mais juros, é natural que os investidores busquem maior proteção aliado a bons rendimentos nos Estados Unidos. Tocando seus investimentos de lugar.
Desse modo, os títulos de países em desenvolvimento, como é o Brasil, perdem o interesse. Na verdade, o interesse até pode existir, mas serão necessários prêmios maiores.
Portanto, mesmo com mais juro e uma inflação mais controlada, o dólar ainda pode ficar volátil, devido às mudanças no exterior.
Uma forma que o Brasil teria para conseguir melhorar o câmbio junto ao dólar é por meio da política fiscal.
A política fiscal trata das contas públicas. Hoje o Brasil vem conseguindo reduzir a relação dívida bruta/PIB. Ainda em 2021, a dívida bruta alcançou os 90% do PIB. Agora está em 83% aproximadamente.
O governo federal estima que a dívida pode chegar aos 81% do PIB até o fim de 2021.
Se o governo conseguir reduzir a dívida bruta, o cenário fiscal pode melhorar, uma vez que o investidor vai estar mais seguro em investir em um país que consegue reduzir o seu endividamento.
Mas, o que acontece hoje não é bem assim. O governo vem trabalhando para sancionar a PEC dos Precatórios, e assim, conseguir recursos para financiar o seu novo programa social, o Auxilio Brasil.
Como o Brasil não conta com disponibilidades, houve necessidade de alterar o teto de gastos, para conseguir financiar o programa.
O fato de o governo trabalhar para aumentar as despesas causa receio ao mercado. Com a PEC dos Precatórios, não se tem certeza se não haverá mais outros programas, ou mais gastos.
Isso pode acabar prejudicando a parte fiscal e comprometendo a credibilidade do Brasil junto aos investidores. Por isso, mesmo com mais juro e uma inflação mais controlada, o dólar pode continuar subindo.
Oliver é formado em ciências contábeis pela UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí).Além da contabilidade, Oliver se tornou investidor. a primeira experiência no mercado de capitais foi investindo no tesouro direto, comprando uma ltn (letra prefixada). a partir de 2010, Oliver foi ampliando sua carteira e aumentando o conhecimento em investimentos.