Com a inflação em alta nas principais economias do mundo, investidores começam a criar expectativas de que o aperto monetário virá antes do anunciado.
Todos os olhos esta semana estarão voltados para o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), que deve começar a encerrar seu programa de compra de ativos de US$ 120 bilhões por mês com o objetivo de encerrar essas compras em junho de 2022.
Dessa forma, as expectativas do mercado são de que o Fed irá iniciar o aumento dos juros já no próximo ano.
Antes, o Fed previa alterar as taxas somente em 2024, de modo que a inflação acima da meta de 2% era vista como choque temporário, enquanto que o foco se mantinha em proteger a atividade econômica dos efeitos da pandemia.
O Fed disse que manterá os juros de curto prazo próximos a zero até que o mercado de trabalho atinja o nível máximo de emprego e a inflação suba para 2% de modo a superar esse nível moderadamente por um período.
Nas projeções econômicas recentes, a maioria das autoridades do Fed previu dois aumentos das taxas de juros até o final de 2023.
Entretanto, com a pressão da inflação durando mais tempo do que o esperado pela autoridade monetária, o sinal de alerta tem acendido nos mercados.
Há instituições financeiras esperando que o aumento dos juros venha bem antes do previsto, o qual era inicialmente aguardado apenas para 2023 em diante.
É o caso do Goldman Sachs, que antecipou sua projeção da primeira elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed) para julho de 2022.
“Estamos antecipando nossa previsão para a primeira alta nas taxas pelo Fed em um ano inteiro, para julho de 2022, logo após a conclusão da redução do programa de compras de ativos. Esperamos uma segunda alta em novembro de 2022 e dois aumentos por ano depois disso”, argumentou os economistas Jan Hatzius e David Mericle, em relatório enviado aos clientes.
Para os economistas, o aumento dos juros pode inclusive ocorrer sem que o emprego esteja no nível desejado pela autoridade monetária.
Na avaliação de Hatzius e Mericle, com a inflação muito acima da meta, uma taxa de desemprego abaixo de 4% pode levar o comitê a concluir que a maior parte da ociosidade que ainda resta na participação da força de trabalho é estrutural ou voluntária.
Em setembro, a taxa de desemprego nos EUA foi de 4,8%, ante 5,2% em agosto.
Vale lembrar que nesta semana o Fed deve anunciar o início do “tapering” – processo de retirada gradual dos estímulos monetários por BCs -, provavelmente ao ritmo de US$ 15 bilhões por mês, em linha ao discutido na ata da reunião de setembro.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.