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Nubank (NUBR33) cai de valor, mas segue avaliada acima dos seus pares

Por :
Tales Rabelo Freitas
Atualizado: Dec 21, 2021, 18:56 UTC

É a primeira vez que as ações do “roxinho” foram negociadas abaixo do preço de lançamento. Embora tenha crescido na captação de clientes, ainda há um longo abismo entre a fintech e os “bancões”.

Nubank (NUBR33) cai de valor, mas segue avaliada acima dos seus pares

Nesse artigo:

Após pouco menos de completar três semanas desde a estreia na bolsa de Nova York, os papéis do Nubank (NU) estão sendo negociados em queda de cerca de 10% em relação ao preço de lançamento.

A última cotação foi de US$ 8,94, na segunda-feira (21/12), valor que também está abaixo do preço de seu IPO, de US$ 9.

Logo na estreia, as ações do Nubank tiveram alta de mais de 10% e atingiram os US$ 11,86 na mesma semana da oferta pública. 

O Nubank também lançou recibo de ações, os chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts), na B3, com o símbolo NUBR33, que também está sendo negociada com preço em queda.

Quando lançado, o BDR custava R$ 8,36, disparando 20% no dia da abertura, chegando a R$ 11,50. Desde então, os recibos só caíram e já se encontram na faixa dos R$ 8,60.

Mesmo com a queda do dia, o banco digital ainda é a instituição financeira mais valiosa da América Latina, valendo cerca de R$ 231 bilhões.

Isso é mais do que o Itaú , por exemplo, que até então era o banco de maior valor na América Latina (R$ 195 bilhões).

Ações ainda sobrevalorizadas

Para os analistas do BTG Pactual, o Nubank é uma marca adorada pelos brasileiros, possui clientes engajados e um fundador ambicioso. Tais características são excelentes para uma startup. 

Entretanto, para a instituição financeira, a compra do Nubank é uma “aposta arriscada”. Em seu relatório, o BTG estimou o preço-justo de US$ 10,00 até o fim de 2022 para os papéis do Nubank. 

Com a precificação atual e o cenário negativo no Brasil, o Nubank poderá ter que colocar o pé no freio, e isso não condiz com o valuation esticado.

O BTG Pactual iniciou a cobertura do Nubank fixando o preço-alvo para os papéis em US$ 10,00 ao fim de 2022, o que representa um potencial de ganho de 11,8% considerando a cotação atual.

Devido ao risco elevado, a classificação para o papel é neutra. 

“No geral, não temos dúvidas de que a história é muito convincente. Tememos, no entanto, que a combinação entre múltiplos extremamente altos e o momento ruim das ações tornem o investimento uma aposta muito arriscada. O Nu ainda parece muito mais com um banco do que com um software”, diz o BTG.

Um abismo entre Nubank e seus pares

Se tem uma instituição que tem o potencial de revolucionar o mercado bancário brasileiro, com certeza é o Nubank. 

O banco digital tem sido constantemente elogiado por seus clientes por facilitar o acesso ao crédito e desburocratizar os processos inerentes ao sistema financeiro.

Além disso, o roxinho também tem avançado na tentativa de capturar investidores a partir da incorporação de uma corretora dentro do aplicativo do banco, além do oferecimento de vários serviços, como seguro de vida.

A “descomplicação” dos serviços oferecidos no aplicativo aumenta as chances de adesão dos clientes de média e baixa renda. 

Além disso, ser digital pode ser uma vantagem competitiva poderosa, já que o Nubank pode aumentar suas receitas sem incorrer em custos de abertura de agências e contratação de funcionários.

Porém, a dúvida do momento é se isso é o suficiente para superar a grande distância entre a fintech e os “bancões”.

Esse abismo aparenta ser insuperável quando analisamos alguns dados, como receita, lucro e carteira de crédito.

Vejamos estes dados na tabela abaixo, de acordo com informações fornecidas pela Bloomberg:

Agência Nubank Itaú Bradesco
Receita R$ 5,6 bi R$ 195 bi R$ 102 bi
Lucro – R$ 0,6 bi R$ 29,5 bi R$ 24,2 bi
Carteira de crédito R$ 28 bi R$ 212 bi R$ 195 bi
Clientes 48 mi 86 mi 73 mi

 

Como se percebe, embora o Nubank venha tendo sucesso na captação de clientes, a sua capacidade de extrair valor ainda é baixa.

Apesar de ter mais da metade do número de clientes do Itaú, a carteira de crédito é de pouco mais do que 10% do segundo maior banco brasileiro.

Será necessário muita inovação para elevar sua participação de mercado e lucratividade, a fim de fazer valer a pena o seu valor atual.

Sobre o Autor

Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.

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