Oferta e demanda por petróleo devem se equilibrar no início do ano. Porém, qualquer mudança no cenário da oferta ou da covid-19 pode alterar radicalmente o nível dos preços.
De acordo com a International Energy Agency (IEA), o consumo de petróleo deve melhorar para 99,53 milhões de barris por dia (bpd), ante 96,2 milhões bpd neste ano, ficando a apenas um fio do consumo diário de 2019 de 99,55 milhões de barris.
Isso, é claro, dependerá de o mundo colocar a nova variante Omicron da Covid-19 rapidamente sob controle.
A maior demanda de petróleo pressionará a OPEP e a indústria de xisto dos Estados Unidos para atender à demanda.
Já entre os fatores relacionados à oferta, há fatores diversos que deverão movimentar o volume de produção ao longo dos próximos períodos.
Vários países da OPEP têm lutado para aumentar a produção, enquanto a indústria de xisto dos Estados Unidos tem lidado com as pressões investidores para conter os gastos.
Até agora, a indústria de xisto dos EUA não respondeu aos preços mais altos do petróleo como havia feito anteriormente, com a produção geral dos EUA em média 11,2 milhões de bpd em 2021, em comparação com um recorde de quase 13 milhões de bpd no final de 2019.
Espera-se que a produção dos EUA apenas aumente em 700.000 b/d em 2022 para 11,9 b/d, de acordo com o vice-presidente sênior de análise da Rystad Energy, Claudio Galimberti.
Canadá, Noruega, Guiana e Brasil poderiam tentar preencher a lacuna de oferta e demanda, mas vários apostadores de Wall Street estão apostando que não será o suficiente e os preços do petróleo continuarão elevados.
Para o banco britânico Barclays, o preço do contrato WTI aumentará da taxa atual de US$ 73 para um preço médio de US$ 77 em 2022, observando que a venda de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo pelo governo Biden não é uma forma sustentável de derrubar preços.
O Barclays entende que os preços podem subir ainda mais do que a previsão se os surtos de COVID-19 forem minimizados e, assim, permitir que a demanda cresça mais do que o esperado.
O Goldman Sachs compartilha dessa perspectiva otimista e previu um preço do Brent de US$ 85 por barril em 2023, em comparação com os atuais US$ 76,30.
A indústria de petróleo dos EUA está enfrentando um aumento acentuado nos custos de produção, revelou a última edição da pesquisa de energia do Fed Dallas.
A pesquisa descobriu que, embora a atividade no canteiro de petróleo continuasse a se recuperar durante o quarto trimestre e a produção aumentasse mais rapidamente, os custos também aumentaram, pelo terceiro trimestre consecutivo, e aumentaram acentuadamente.
Em termos de expectativas de preços, o setor está cautelosamente otimista.
Questionados sobre o preço que suas empresas estão usando para planejar seus gastos de capital, quase um terço disse que estava entre US$ 65 e US$ 70 o barril.
Uma porção menor de cerca de 25% disse que faria um orçamento com base nos preços do petróleo de US$ 70 a US US$ 75 por barril.
Outra pergunta feita foi sobre os planos de expansão da produção em 2022. De acordo com 49% dos entrevistados na pesquisa, “aumentar a produção” era a meta principal de suas empresas.
Apenas 15% escolheu como meta principal manter os níveis de produção atuais. Para 13% dos entrevistados, a redução da dívida era a meta principal para 2022.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.