Semana começa com investidores precificando o avanço da contaminação pela nova variante da Covid-19 na Europa e EUA.
Tudo indicava para um efeito limitado da variante Ômicron no sistema econômico global.
A baixa mortalidade (em comparação com a variante Delta) e a relativa eficácia das vacinas davam a entender que uma nova onda de contaminação não causaria grandes problemas.
Entretanto, o avanço da doença tem se acelerado nos últimos dias e aumentado as preocupações com seu impacto na economia e sistemas de saúde dos países.
A variante Ômicron está se espalhando em todo o mundo com a aproximação da temporada de férias de inverno.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa foi encontrada por meio de testes em 43 dos 50 estados dos EUA e em cerca de 90 países. Além disso, o número de casos está dobrando rapidamente, entre 1,5 a 3 dias.
Os EUA estão chegando ao fim do ano com mais de 156.000 casos relatados na sexta-feira da semana passada, de acordo com dados do CDC (Center for Disease Control and Prevention).
Na Europa, vários países têm adotado medidas mais rígidas para o controle da contaminação. Este é o caso do Reino Unido, Alemanha e França.
No fim de semana, a Holanda impôs um novo lockdown, com bloqueio total de todas as lojas não essenciais até 14 de janeiro.
No Brasil, a variante ainda não avançou fortemente, com apenas 19 casos confirmados até sexta-feira passada. Porém, há o receio que seja questão de tempo até que os números comecem a disparar.
Na cidade de São Paulo, a prefeitura já considera que há transmissão comunitária da variante na capital.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as últimas transmissões descobertas da variante foram encontradas em três pessoas que não realizaram viagens para fora do País e nem tiveram contato com algum viajante que tenha chegado do exterior.
Embora dê a impressão de ser menos grave, o cenário da Ômicron tem sido suficiente para gerar pessimismo nos mercados.
O temor dos investidores é de que a variante desacelere a recuperação econômica, ao mesmo tempo que mantenha a inflação alta.
Nesta segunda-feira (20/12) o índice futuro do Ibovespa caía 1,63%, seguindo o mesmo sentido que os demais índices do exterior. O Dow Jones caía 1,48% agora pela manhã e o S&P 500 perdia 1,03%.
Por outro lado, as ações da Moderna tiveram um aumento de 5% após afirmar que sua dose de reforço da vacina fornece proteção significativa contra o Ômicron.
Outro fator para o pessimismo dos investidores vem do lado da política monetária do Fed.
Na semana passada, o Banco Central dos EUA anunciou um plano mais agressivo para reduzir suas compras de ativos e disse que potencialmente aumentará as taxas de juros três vezes em 2022.
O receio de desaceleração econômica também tem afetado o rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos, o qual recuou para menos de 1,40%.
Quem também perdia com o receio do avanço da Ômicron era o petróleo.
Os futuros do petróleo despencaram quando a iniciativa da Europa de restringir a mobilidade gerou temores de medidas mais amplas para eliminar a demanda de outros países.
Outro risco que os traders da commodity estão monitorando é a política da China de tolerância zero da Covid-19.
O governo chinês tem se mostrado implacável na sua política de controle de contaminação, de modo que novos bloqueios podem ser rapidamente implantados no menor sinal de perigo de novos surtos de contaminação.
Com isso, o preço do petróleo Brent caía 3,81%, a US$ 70,72 o barril, enquanto o WTI recuava 4,43%%, a US$ 67,72.
Tales é Doutor em Economia pela UFRGS. Realiza pesquisas sobre economia institucional, macroeconomia, mercado financeiro, economia brasileira e desenvolvimento econômico, além de trabalhar com cursos de educação financeira.