SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores de frango integrados à BRF localizada em Lucas do Rio Verde (MT) decidiram em assembleia paralisar os alojamentos de pintainhos para engorda e abates a partir da próxima segunda-feira, em meio a reivindicações por reajustes de preços devido ao aumento de custos, conforme associação local.
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) – Os produtores de frango integrados à unidade da BRF de Lucas do Rio Verde (MT), uma das maiores da companhia, decidiram em assembleia paralisar os alojamentos de pintainhos para engorda e abates a partir da próxima segunda-feira, em meio a reivindicações por reajustes de preços devido ao aumento de custos, conforme associação local.
Com aumento nas despesas das granjas, como combustíveis e energia elétrica, os integrados solicitam elevação de 10% a 12% no preço pago pelo animal, disse à Reuters o diretor executivo da Associação de Produtores de Proteína Animal (Appa), Pablo Artifon, que também coordena a comissão municipal Cadec, responsável pelas negociações entre o setor produtivo e a companhia.
Segundo ele, os custos que estão pesando mais são os operacionais, já que ração é fornecida pela BRF.
“A Cadec local negocia o repasse dos custos ao preço do quilo (do frango) desde de novembro de 2020. Desde janeiro de 2020 que (a BRF) não revisa preços”, afirmou Artifon.
Ele disse que, após assembleia realizada na véspera no Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, a companhia foi notificada nesta terça-feira sobre a paralisação.
Artifon ainda explicou que a região fornecedora da BRF conta com 700 aviários e cada um deles costuma alojar 25,7 mil pintainhos. Segundo ele, cada aviário entrega seis lotes à empresa por ano.
A unidade de Lucas do Rio Verde é uma das maiores instalações da empresa no Brasil, ficando atrás em volume de produção da planta de Rio Verde (GO).
“Aqui em Mato Grosso temos um sistema parecido com o de Goiás, com poucos produtores, mas de maior tamanho, diferente do que acontece no Sul, onde muitas granjas são familiares. Aqui, a gestão é muito mais profissionalizada e gerenciada do ponto de vista de custo e reinvestimento a cada ano.”
O alto nível de gestão contribuiu para que os avicultores identificassem a necessidade de reajuste nos preços do frango, dado o aumento de custos, acrescentou o diretor.
“O combustível quase dobra, energia (teve) vários aumentos… (e) estão pagando o preço de 2020 ainda”, disse.
O Brasil passa por uma grave crise hídrica, desencadeada por forte seca na região das hidrelétricas, que colabora para onerar as despesas com energia para a indústria em geral. Nas granjas, este é um dos principais custos.
Procurada, a BRF disse que está em negociação constante com os produtores, como sempre foi feito em reuniões de Cadec. “A companhia reforça que toda a cadeia de produção sofre fortemente com os custos”.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) não tinha informação sobre o assunto.
(Reportagem adicional de Paula Alend Laier)
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