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CPI cobra resposta de Bolsonaro sobre acusação contra líder do governo na Câmara

Por :
Reuters
Atualizado: Jul 8, 2021, 20:51 UTC

(Reuters) - O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), cobrou nesta quinta-feira do presidente Jair Bolsonaro uma resposta sobre a acusação do deputado Luís Miranda (DEM-DF) de que ele teria relacionado o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), com suspostas irregularidades na compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin.

Senador Omar Aziz

(Reuters) – O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), cobrou nesta quinta-feira do presidente Jair Bolsonaro uma resposta à acusação do deputado Luís Miranda (DEM-DF) de que ele teria relacionado o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), com supostas irregularidades na compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin.

Aziz, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), enviaram nesta quinta uma carta ao presidente pedindo uma resposta sobre o que foi dito por Luís Miranda em depoimento à CPI. A carta foi protocolada no Palácio do Planalto.

“Tomamos essa iniciativa de maneira formal, tendo em vista que no dia de hoje, após 13 dias, vossa excelência não emitiu qualquer manifestação afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora, as graves afirmações atribuídas à vossa excelência, que recaem sobre o líder de seu governo”, diz a carta.

Segundo o deputado federal Luís Miranda, que afirma ter apresentado pessoalmente a Bolsonaro no Palácio da Alvorada indícios de irregularidades no contrato para a compra da Covaxin, o presidente respondeu ao relato dizendo ser “coisa do Ricardo Barros”. Bolsonaro ainda não comentou a declaração de Miranda sobre Barros, ocorrida em 25 de junho.

“Somente vossa excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros, o qual serve seu governo em uma função proeminente”, sustentam os senadores na carta endereçada ao presidente da República.

Os parlamentares argumentam ainda que a manutenção do silêncio de Bolsonaro em relação a esse caso específico cria “uma situação duplamente perturbadora”. De um lado, avaliam, contribui para a “execração” de Barros, ao não contar com um desmentido “firme e forte” de quem supostamente participou da conversa com os irmãos Miranda. De outro, impede que sejam tomadas medidas cabíveis caso Luís Miranda não esteja falando a verdade.

Mais cedo, em pronunciamento durante reunião da CPI, Aziz criticou a falta de posicionamento de Bolsonaro sobre o tema. “Estamos mandando uma pequena carta para o senhor, para o senhor dizer se o deputado Luis Miranda está falando a verdade ou está mentindo”, disse.

“O senhor não responde. Passa 50 minutos querendo desqualificar a CPI. Mas é só uma resposta, presidente, só uma que o Brasil quer ouvir… Por favor, presidente, diga para a gente que o deputado Luis Miranda é um mentiroso, diga à nação brasileira que o deputado Luís Miranda está mentindo, que o seu líder na Câmara é um homem honesto”, acrescentou.

Bolsonaro nega que qualquer irregularidade tenha sido cometida pelo governo federal nas negociações da Covaxin, mas nunca comentou diretamente em público sobre a suposta menção a Barros. O líder do governo na Câmara afirma que jamais participou de negociação de compra da Covaxin.

Além de negar as acusações, Barros tem reafirmado que se colocou à disposição da CPI para esclarecimentos desde que as denúncias vieram à tona.

“Estou esperando a oportunidade de ir à CPI para esclarecer os fatos que envolvem o meu nome”, disse o líder nesta quinta, em pronunciamento no plenário da Câmara. “Todos os depoentes negaram relação comigo, mas eu mesmo não tive oportunidade de fazer o esclarecimento”.

O parlamentar governista lembrou que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que garantisse seu direito de exercer sua defesa na comissão. Originalmente, seu depoimento estava marcado para esta quinta-feira. A oitiva, no entanto, foi desmarcada, ainda sem previsão de uma nova data.

afirmou o deputado.

Após as denúncias de supostas irregularidades, o Ministério da Saúde suspendeu o contrato de compra da Covaxin para realizar uma investigação interna.

Em sua fala na CPI nesta quinta, Aziz voltou a rebater ataques de Bolsonaro à cúpula da comissão, afirmando que o presidente não conseguirá impedir o andamento do colegiado, que investiga suspeitas de irregularidades cometidas pelo governo federal no enfrentamento à pandemia de Covid-19.

Aziz disse que nunca chamou Bolsonaro de “genocida”, “ladrão” ou que “fazia rachadinha no seu gabinete”, mas afirmou que considera que ficou claro que o presidente “é contra a ciência” e tentou desqualificar as vacinas que estão salvando vidas no país.

(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito, em Brasília)

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