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Dólar tem maior queda em 2 semanas e fica abaixo de R$5,70 com trégua externa

Por :
Reuters
Atualizado: Dec 22, 2021, 21:16 GMT+00:00

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrou a maior queda percentual diária em duas semanas nesta quarta-feira, com o real dividindo a dianteira nos mercados globais de câmbio conforme investidores realizavam lucros depois da forte alta recente do dólar.

Notas de 100 dólares mostradas na sede do Exchange Bank da Coreia do Sul

Nesse artigo:

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar registrou a maior queda percentual diária em duas semanas nesta quarta-feira, com o real dividindo a dianteira nos mercados globais de câmbio conforme investidores realizavam lucros depois da forte alta recente do dólar.

O clima mais ameno no exterior, onde os ativos financeiros ganharam terreno na parte da tarde, foi decisivo para que o dólar aprofundasse as quedas por aqui. A menor liquidez, típica de fim de ano, exacerbou os movimentos.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,24%, a 5,6684 reais na venda. É a maior baixa percentual desde o último dia 8 (-1,49%).

Na B3, às 17:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,46%, a 5,6715 reais. As operações com dólar futuro na bolsa brasileira se encerram às 18h30.

A moeda brasileira dividiu com o peso chileno o posto de divisa com melhor desempenho nesta sessão.

Pela manhã, a cotação hesitou e chegou a subir 0,08%, para 5,7442 reais, logo depois da abertura. A moeda alterou momentos de fôlego e depreciação posteriormente, mas já perto da abertura dos mercados em Nova York, quase no fim da manhã, firmou queda, até pouco antes das 16h30 marcar 5,6617 reais, baixa de 1,35% e mínima do dia.

Ao mesmo tempo, o dólar intensificou as perdas contra uma cesta de moedas no exterior e caía 0,38% no fim desta tarde, para perto das mínimas do dia. As moedas emergentes subiam 0,8%.

“Não estamos tendo uma pressão no número de fatalidades por causa da Ômicron, então isso tira uma parte do peso do mercado”, disse Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original.

Os receios sobre a nova cepa do coronavírus, considerada mais transmissível, derrubaram os mercados globais em sessões recentes e catapultaram o dólar em todo o mundo. Aqui, a moeda contabilizou recentemente seis altas em oito sessões, período em que rompeu a barreira dos 5,70 reais e acumulou um salto de 3,77%.

O alívio no dólar em todo o mundo nesta sessão pode ter sido também exacerbado pela menor liquidez, conforme investidores reduzem o ritmo antes do Natal e do Ano Novo. No Brasil, o volume de contratos de dólar futuro negociados na B3 mal superava 170 mil às 17h22, 28% abaixo da média de 21 sessões (cerca de um mês) e 33% aquém da média de 42 pregões.

Em meio à menor liquidez, o Banco Central proveu dólares ao mercado. A autoridade monetária vendeu o lote integral ofertado de 700 milhões de dólares em swaps cambiais “novos” e, posteriormente, adiou o vencimento de 731 milhões de dólares nesses derivativos.

Na seara fiscal doméstica –um dos principais guias da taxa de câmbio neste ano–, os agentes financeiros se debruçaram sobre o Orçamento de 2022, aprovado na véspera pelo Congresso. O parecer aprovado prevê que, após a aprovação das emendas constitucionais que alteraram a forma de pagamento dos precatórios, será criada uma margem fiscal para o próximo ano de 113,1 bilhões de reais, valor superior à estimativa do governo federal de 106 bilhões de reais.

“Após o alargamento do teto de gastos e o não pagamento de precatórios, o Orçamento de 2022 parece crível, mas não será executado sem desafios”, disse a XP em nota.

“O fiscal ainda vai ser uma faca no pescoço em 2022. Temos que entender qual tipo de regra fiscal vai prevalecer no país, e essa resposta vamos ter com as eleições”, disse Caruso, do Banco Original.

Impulsionado pelo esperado aperto da política monetária dos EUA em 2022 e pela expectativa de diferencial de crescimento econômico a favor dos norte-americanos, Caruso projeta dólar de 6,15 reais ao fim do ano que vem, valorização nominal de 8,50% ante o fechamento desta quarta.

Em dezembro, o dólar acumula alta de 0,45%, elevando os ganhos em 2021 a 9,07%.

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