Por Luana Maria Benedito SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda contra o real logo após a abertura desta sexta-feira, conforme investidores de todo o mundo aguardavam a divulgação de dados de inflação norte-americanos que poderiam influenciar a decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos EUA, a ser anunciada na semana que vem.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar esboçava alta ante o real nesta sexta-feira, conforme investidores digeriam a divulgação de dados de inflação norte-americanos que podem influenciar a decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos EUA, a ser anunciada na semana que vem.
Às 11:09 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,49%, a 5,6021 reais na venda. A moeda oscilou entre 5,5590 reais na mínima (-0,29%) e 5,6051 reais (+0,54%) na máxima.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,5%, a 5,6260 reais.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta sexta-feira que o índice de preços ao consumidor do país avançou 0,8% em novembro em relação ao mês anterior, ganhando 6,8% em 12 meses, alta mais expressiva desde 1982. A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanço de 0,7% do índice sobre outubro e alta de 6,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, ressaltou que a inflação elevada nos Estados Unidos –após leituras recentes já altas– soma-se a dados de quinta-feira mostrando queda nos pedidos de auxílio-desemprego do país para uma mínima em mais de 50 anos, reforçando expectativas de aceleração no ritmo de corte de estímulos e eventual antecipação de aumentos de juros por lá.
“Isso aumenta a procura por dólares”, explicou, já que juros mais altos nos EUA elevariam a rentabilidade de se investir nos títulos soberanos do país, considerados o ativo mais seguro do mundo.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsável pela definição da política monetária do Fed, encerra sua reunião de dois dias na próxima quarta-feira.
Enquanto isso, no Brasil, investidores reagiam a dados de inflação divulgados há pouco pelo IBGE, mostrando que o IPCA subiu 0,95% em novembro, leitura abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 1,08%. Ainda assim, foi a mais alta para o mês em seis anos.
Apesar dos indícios de descompressão no IPCA, “ainda acho que (os dados) pressionam o Banco Central a continuar nesse ritmo de 1,5 ponto percentual”, comentou Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, referindo-se ao atual ciclo de aperto monetário da autarquia.
Na quarta-feira, o Bacen elevou a taxa Selic a 9,25% ao ano, de 7,75%, e sinalizou outro aumento de 1,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), preocupado com a ancoragem das expectativas de inflação.
Custos de empréstimos mais altos no Brasil são vistos como fator de suporte para o real, devido ao “carry” (retorno obtido por meio de diferencial de juros entre determinado país e outras economias) mais alto.
Ainda assim, disse Steiman, da B&T, “há tanta incerteza nos mercados que não dá para depender só da alta da Selic”. Ele destacou incertezas sobre o crescimento econômico e a saúde fiscal do Brasil como riscos ao desempenho da taxa de câmbio, além do efeito de eventual aumento de juros nos EUA em 2022.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista registrou alta de 0,70%, a 5,5749 reais na venda.
(Edição de José de Castro)
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