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Dólar avança contra real à espera de sinalização do Fed; incerteza local segue no radar

Por :
Reuters
Atualizado: Aug 18, 2021, 13:25 UTC

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia moderadamente frente ao real logo após a abertura desta quarta-feira, com as expectativas do mercado girando em torno da divulgação da ata última reunião de política monetária do Federal Reserve, que pode oferecer sinais sobre quando o banco central norte-americano começará a reduzir seu estímulo pandêmico.

Dólar avança contra real à espera de sinalização do Fed

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar subia moderadamente frente ao real na manhã desta quarta-feira, com as expectativas do mercado girando em torno da divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, que pode oferecer sinais sobre quando o banco central norte-americano começará a reduzir seu estímulo da pandemia.

Ao mesmo tempo, os investidores continuavam de olho nos riscos fiscais e políticos domésticos, que, segundo especialistas, têm intensificado a volatilidade no mercado de câmbio.

Às 10:21, o dólar avançava 0,21%, a 5,2793 reais na venda, após tocar 5,2980 reais na máxima do dia (+0,57%), enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 0,35%, a 5,286 reais.

A ata do Fed será divulgada às 15h (horário de Brasília), e é referente ao encontro realizado nos dias 27 e 28 de julho. Os investidores esperam receber mais detalhes em relação ao debate em andamento no banco central sobre quando encerrar seu enorme programa de compras de título, bem como pistas sobre o nível de preocupação das autoridades com a inflação.

“A ata da reunião hoje deve dominar os mercados”, disse à Reuters Thomás Gibertoni, da Portofino Multi Family Office. “A fala do (chair do Fed, Jerome) Powell de ontem sugere que os Estados Unidos devem manter um nível de juros acomodatício pelo menos até final de 2022; nada tem afetado o posicionamento dele.”

Na véspera, Powell disse durante evento que a pandemia “ainda está lançando uma sombra sobre a atividade econômica” norte-americana, afirmando que o país ainda não pode “declarar vitória”. O chair do banco central tem compartilhado repetidamente sua visão de que a alta da inflação nos EUA é transitória e de que o mercado de trabalho local ainda tem terreno a recuperar antes de que haja endurecimento da política monetária.

“Ele não transmitiria esse recado de ontem caso não fosse algo mais próximo de consensual, então acho difícil vir uma ata que impulsione fortemente o dólar”, opinou Gibertoni.

Por outro lado, em sinal cada vez mais claro de divergência dentro do Federal Reserve, algumas autoridades regionais têm argumentado a favor de redução de estímulos já em 2021, preocupadas com a dinâmica dos preços, o que poderia comprometer o apetite por ativos de países emergentes. A redução das compras de títulos pelo Fed é vista como precursora de eventual aumento de juros.

Enquanto aguardavam a divulgação da ata, os investidores continuavam de olho no ambiente doméstico.

“Vimos nossa moeda sofrendo nas últimas semanas em meio à crise institucional e preocupações sobre as contas do governo”, disse Gibertoni, referindo-se às trocas de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o Judiciário e ao estresse gerado pelo esforço do governo para alterar a dinâmica de pagamento de precatórios.

Todo esse contexto ajuda a explicar a grande volatilidade implícita do real, bem mais elevada do que a de pares emergentes como o peso mexicano, afirmou.

O ruído doméstico parecia ofuscar até mesmo a perspectiva de aumento de juros no Brasil, que tende a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local e pressionar o dólar para baixo.

“Em condições normais, sem as perturbações de natureza política presentes, a sinalização de ajuste do juro seria um antídoto forte contra a elevação do preço do dólar no país, ancorando forte sua reversão, mas a insegurança sobre a insuficiência do ajuste, que tem se feito tardio, retira da perspectiva este efeito antecipado no mercado cambial, que desta forma intensifica sua volatilidade e se mostra resistente na manutenção do preço”, escreveu Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.

Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário fechou em queda de 0,25%, a 5,2682 reais.

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