SÃO PAULO (Reuters) - O dólar apresentava pouca alteração contra o real nesta quinta-feira, com os agentes do mercado digerindo a decisão do Banco Central de levar a taxa Selic a 4,25% ao ano e abandonar o uso da expressão "normalização parcial" para se referir ao atual ciclo de alta de juros.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passava a cair contra o real nesta quinta-feira, depois de ter avançado mais cedo, com os investidores digerindo a decisão do Banco Central de levar a taxa Selic a 4,25% ao ano e abandonar o uso da expressão “normalização parcial” da política monetária.
Os investidores repercutiam ainda a sinalização do Federal Reserve de que pode começar a elevar os juros a um ritmo mais rápido do que o esperado.
Às 10:50, o dólar recuava 0,50%, a 5,0308 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 tinha baixa de 0,42%, a 5,039 reais.
Em pouco mais de uma hora e meia de negociações, a divisa norte-americana à vista foi de 5,0763 reais na máxima, alta de 0,4%, para 5,0202 reais na mínima, queda de 0,71%.
O Banco Central do Brasil promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros na quarta-feira, levando a Selic a 4,25%, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião, em agosto.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também abandonou o uso da expressão “normalização parcial” para se referir ao atual ciclo de alta de juros, explicitando que pretende fazer um aperto maior do que vinha sendo sinalizado até então, levando a Selic para patamar considerado neutro.
“Quando os juros domésticos estão mais baratos, o prêmio pago ao investidor é mais barato, é natural que haja fuga de capital, e o dólar se fortalece” disse à Reuters Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos. “Agora, quando acontece o contrário, e os juros sobem, o que tende a acontecer é um desconto na moeda norte-americana em relação ao real.”
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve antecipou para 2023 suas projeções para o primeiro aumento nos juros pós-pandemia e abriu a discussão sobre quando e como pode ser apropriado começar a reduzir suas compras mensais de ativos.
“Na reunião anterior, as expectativas não indicavam elevação antes de 2024”, ressaltaram em nota analistas da XP Investimentos, acrescentando que os mercados interpretaram o comunicado que acompanhou a decisão do Fed como mais duro em relação à política monetária.
Na esteira dessa notícia, o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes avançava nesta quinta-feira, e chegou a tocar seu patamar mais elevado desde 13 de abril. Peso mexicano, peso chileno, lira turca e rand sul-africano, alguns dos principais pares do real, registravam perdas contra a divisa norte-americana nesta manhã.
Ainda assim, Oliveira, da Toro, disse que o cenário ainda parece benigno para o real, principalmente devido ao tom mais hawkish do BC local: “ainda há espaço para correção para baixo do dólar.”
A moeda norte-americana à vista teve alta de 0,29% na quarta-feira, a 5,0562 reais na venda, mas chegou a tocar 4,9926 reais na mínima intradiária, queda de 0,97%.
A última vez que o dólar fechou um pregão abaixo dos 5 reais foi em 10 de junho de 2020 (4,9398).
(Edição de Camila Moreira)
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