SÃO PAULO (Reuters) - O dólar superou 5,65 reais nos primeiros negócios no mercado à vista nesta sexta-feira, com investidores sentindo a pressão externa em meio a novo dia de liquidação em bônus com receios sobre inflação, enquanto no Brasil os debates fiscais seguiam a todo vapor depois de imporem queda aos preços dos ativos na véspera.
SÃO PAULO (Reuters) -Os mercados de câmbio e juros no Brasil voltavam a registrar um dia de forte volatilidade, com o dólar se mantendo acima de 5,60 reais e as taxas de DI em queda após ambos mostrarem um rali mais cedo, enquanto operadores tentavam encontrar um ponto de equilíbrio diante do nebuloso cenário.
O dólar à vista chegou a saltar 1,01%, a 5,6829 reais, mas depois retrocedeu e chegou a cair 0,16%, a 5,6168 reais. Por volta das 10h58, a cotação tinha alta de 0,33%, a 5,6443 reais na venda.
Nos juros, a taxa do DI janeiro 2023 –que chegou a disparar 47 pontos-base, aproximando-se de 12,9%– caía 23,5 pontos-base, a 12,165%.
Fortes dados fiscais ajudaram a melhorar a reação de preço do mercado, que analisava ainda decisão do Confaz pelo congelamento do valor do ICMS cobrado nas vendas de combustíveis por 90 dias.
“O mercado de pré está totalmente disfuncional. O mercado não faz mais conta, e só tem novas ondas de ‘stops’. Passou da hora de o Tesouro entrar retirando risco pré do mercado e pagando com LFT”, comentou no Twitter Roberto Motta, responsável pela mesa de derivativos da Genial Investimentos.
O mercado de renda fixa é o que mais tem sofrido com a turbulência recente, uma vez que as marcações a mercado têm imposto severas perdas às carteiras devido à perspectiva de uma condução frouxa da política fiscal que exigirá juros ainda mais altos num cenário de inflação bem acima da meta.
Na véspera, um índice da Anbima que acompanha os preços de títulos públicos prefixados despencou 1%, queda bastante expressiva para o setor, a maior desde o auge da pandemia em 2020 e que levou o índice ao menor valor desde março do ano passado.
A pressão na renda fixa é aumentada pelo rali do dólar, que no ano já chega a 8,6%. Evidência do nível elevado de risco, o real tem se desvalorizado junto com a moeda da Turquia, país que tem promovido cortes de juros na canetada por ingerência política, enquanto no Brasil o BC fez nesta semana o maior aperto monetário em quase duas décadas.
Não bastassem os temas domésticos, o câmbio se ressente da pressão externa, com o índice do dólar voltando a subir de forma expressiva nesta sessão após indicadores econômicos nos EUA referendarem a narrativa de que o aumento da inflação pode levar não apenas a redução iminente de estímulos, mas também a alta antecipada dos juros.
“Investidores seguem acompanhando a divulgação de balanços corporativos, mas com as atenções se voltando para a reunião do FOMC, que ocorrerá na próxima semana, quando o Fed pode anunciar o início da redução do programa de compras de ativos”, disse o Bradesco em nota matinal. O Fomc é o comitê de política monetária do banco central norte-americano, responsável pelas decisões de juros por lá.
Com o dólar forte globalmente, as moedas emergentes recuavam 0,3%, para bem perto de mínimas em um ano.
(Por José de Castro; edição de Luana Maria Benedito)
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