SÃO PAULO (Reuters) - O dólar abriu em queda nesta sexta-feira, operando abaixo de 5,20 reais, mas mantendo-se perto desse patamar psicológico, em um dia de recordes nos futuros de ações em Nova York e de leitura mais alta de inflação no Brasil.
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar operava em queda na manhã desta sexta-feira, perdendo o suporte de 5,20 reais e chegando a tocar 5,16 reais, pressionado pelo clima pró-risco nos mercados externos e com investidores aqui refazendo contas na direção de uma Selic mais alta após um IPCA-15 acima do esperado.
Às 10h02, o dólar à vista caía 0,95%, a 5,1617 reais, após tocar 5,1601 reais, queda de 0,98%.
O real tem o melhor desempenho global nesta sessão, depois de liderar as perdas em alguns momentos na semana.
No exterior, os mercados de câmbio tinham desempenho misto, mas as ações indicavam maior apetite por risco. Em Nova York, os futuros do Nasdaq 100 superaram 15 mil pontos pela primeira vez.
Aqui, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,72% em julho, maior alta para o mês em 17 anos. O número veio acima da taxa de 0,64% esperada por economistas consultados em pesquisa da Reuters.
A turbulência recente nos mercados externos, que se estendeu ao Brasil, levou alguns analistas a questionar o espaço para o Banco Central entregar um aumento mais agressivo dos juros de 100 pontos-base em 4 de agosto. O Copom já promoveu três altas seguidas de 75 pontos-base na Selic, tirando a taxa da mínima recorde de 2% em meados de março para os atuais 4,25%.
Mas os dados do IPCA-15 divulgados nesta manhã serviram de lembrete da pressão de preços que tem perdurado. Sinal de mais apostas num aumento mais forte dos juros, o contrato de DI negociado na B3 para outubro de 2021 –o mais líquido para expressar posições para as reuniões de agosto e setembro– saltava 8 pontos-base, variação incomum para um contrato de curto prazo.
O dólar acumulou queda de 16,8% desde as máximas de quase 5,90 reais alcançadas em março até uma mínima abaixo de 4,90 reais em junho, em parte, segundo analistas, pelo início de aperto monetário pelo Banco Central, que melhorou o diferencial de juros a favor do real, deixando a moeda brasileira mais atrativa para investimentos.
Mais recentemente, porém, a moeda voltou a subir (alta de 5,2%), refletindo temores externos sobre o coronavírus e ruídos políticos locais.
O profissional da área de câmbio de um banco estrangeiro chamou atenção para a recente troca ministerial no governo.
“A mudança ministerial indica que o governo está preocupado com a geração de emprego com vistas a 2022. Isso pode pesar no sentido de deterioração ou temor sobre a parte fiscal do país. Prêmios aumentam um pouco”, disse.
(Por José de Castro)
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