SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira, de forma geral replicando a trajetória da moeda no exterior, num dia de menor volume de negócios no mercado de câmbio brasileiro.
Por José de Castro
O alívio reflete um ajuste depois de uma forte semana para o dólar, que encerrou a sexta-feira no maior patamar em duas semanas e com a maior valorização semanal em quase dois meses.
O dólar à vista caiu 0,54% nesta segunda, a 5,3266 reais na venda, depois de variar entre 5,3761 reais (+0,39%) e 5,3099 reais (-0,85%).
No mercado de dólar futuro da B3, menos de 200 mil contratos haviam sido negociados até as 17h24, 30% abaixo da média das últimas 30 sessões.
O dia foi leve de notícias domésticas, o que direcionou as atenções de operadores para o clima de visível apetite por risco no exterior, onde o dólar rondou mínimas em quatro meses e as bolsas de valores em Nova York tiveram um rali. [.NPT]
A semana começa novamente com agentes financeiros à espera de dados de inflação nos Estados Unidos, que podem mexer com expectativas do mercado acerca da manutenção ou não dos estímulos oferecidos atualmente pelo banco central norte-americano. Essa maior liquidez tem tido importante papel de conter qualquer fortalecimento do dólar desde o ano passado.
O dólar seguiu a fraqueza global da moeda nos últimos meses e reduziu os ganhos no ano para 2,60%, depois de chegar a acumular em março alta de mais de 10%. Na semana passada, porém, a cotação recuperou algum terreno.
“Vender dólares contra reais, mesmo que a moeda (o dólar) tenha mostrado tendência de alta de curto prazo, pode na verdade ser a melhor aposta”, disse o DailyForex em nota, citando pontos de resistência no intervalo entre 5,3750 reais e 5,3950 reais.
No Brasil, investidores também aguardam o IPCA-15 de maio, a ser divulgado na terça-feira, num contexto de debate sobre os rumos da política monetária doméstica.
O BNP Paribas vê inflação de 6,0% em 2021, muito acima da meta de 3,75% para este ano. Com aumento maior dos preços, o banco francês espera que a taxa Selic seja elevada para 6,50% ao fim do ano, o que respalda a expectativa da instituição de que o dólar fechará o ano em 5,00 reais.
As análises do banco indicam que a relação entre a performance do real e as taxas de “carry” (taxa de retorno) não é linear, mas exponencial. Isso aponta que, conforme a Selic se distancia da mínima histórica de 2%, o impacto sobre a moeda ficará maior.
O BNP recentemente encerrou posição tática comprada em dólar contra o real, depois que a posição técnica saiu de esticada na ponta de venda de dólar para neutralidade, com um preço “justo” para a taxa de câmbio em 5,22 reais por dólar.
(Edição de Isabel Versiani)
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