Por Luana Maria Benedito SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía frente ao real nesta terça-feira, após a ata da última reunião do Copom revelar que o Banco Central avaliou ajuste mais intenso na taxa Selic do que a alta de 1,50 ponto percentual promovida na última quarta.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía frente ao real nesta terça-feira, após a ata da última reunião do Copom revelar que o Banco Central avaliou ajuste mais intenso na taxa Selic do que a alta de 1,50 ponto percentual promovida na última quarta.
Às 10:16 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,78%, a 5,6305 reais na venda. Investidores atribuíam parte dessa desvalorização a movimento de realização de lucros após a moeda norte-americana subir 2,5% no acumulado das últimas três sessões.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,85%, a 5,6520 reais.
Na ata do Copom, divulgada mais cedo nesta terça, o BC reafirmou que levará os juros a território que promova não apenas desinflação, mas também ancoragem das expectativas em torno das metas, e novamente chegou a fazer comparações entre cenários envolvendo ritmos de ajuste mais fortes e quadros em que a taxa de juros permanece elevada por período mais longo.
Participantes do mercado interpretaram o documento como mais duro em relação à inflação do que o comunicado de política monetária divulgado na semana passada, quando a autarquia fixou a Selic em 9,25% ao ano.
“Ninguém nos mercados discutia ajustes maiores (que 1,50 ponto percentual na taxa Selic), e sim menores”, comentou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, citando preocupações de participantes do mercado com o impacto do atual ciclo de aumento de juros na atividade econômica do Brasil, que já tem dado sinais de vacilo.
Com o tom mais agressivo do Banco Central, as projeções para o patamar da taxa básica de juros ao fim do processo de aperto monetário devem aumentar disse Cruz. “Essa taxa no Focus abaixo de 12% não deve durar tanto.”
O mais recente boletim semanal Focus do Bacen, divulgado na segunda-feira, projeta Selic de 11,50% ao fim de 2022.
Juros mais altos no Brasil são, em teoria, benéficos para o real, uma vez que tendem a atrair mais recursos para o país ao elevar a rentabilidade do mercado de renda fixa.
Mas investidores não descartavam riscos para a moeda brasileira, em meio a incertezas fiscais domésticas e à aproximação das eleições presidenciais de 2022.
Enquanto isso, no exterior, havia amplas expectativas de um Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) mais duro com a inflação em sua reunião de política monetária desta semana, o que poderia beneficiar o dólar globalmente.
A autoridade monetária norte-americana encerra seu encontro de dois dias na quarta-feira e deve acelerar o processo de redução de suas compras mensais de títulos e antecipar expectativas para aumentos de juros nos EUA.
O Banco Central voltará a fornecer liquidez aos mercados nesta sessão com a realização de leilão de venda conjugado com leilão de compra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio, no valor de até 1 bilhão de dólares.
Nos últimos dois pregões, a autarquia interveio nos mercados com venda de dólares à vista. “O BC está dando liquidez por uma questão sazonal, é comum aumentar a demanda por remessas no final do ano e ele tem essa visibilidade”, disse à Reuters Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos.
Investidores estavam de olho ainda no pagamento de dividendos de ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) pela Petrobras, que poderia explicar parte da valorização do dólar nas últimas sessões.
O dólar spot fechou o último pregão em alta de 1,09%, a 5,6747 reais na venda.
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