Por Luana Maria Benedito SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía ante o real logo após a abertura desta terça-feira, após o Banco Central voltar a entrar em cena nos mercados, anunciando, na tarde da véspera, a realização neste pregão de leilão de moeda à vista.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía ante o real nesta terça-feira, após o Banco Central voltar a entrar em cena nos mercados com a realização neste pregão de leilão de moeda à vista, embora investidores não descartassem possibilidade de reversão no comportamento cambial durante a sessão em meio a riscos tanto internacionais quanto locais.
Na operação desta terça, a quinta do tipo nos últimos oito pregões, o BC vendeu o total da oferta de até 500 milhões de dólares. O leilão à vista teve a “intenção de prover liquidez ao mercado cambial brasileiro” e explicaria a abertura em baixa da divisa norte-americana, disse em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.
Às 10:23 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,34%, a 5,7255 reais na venda.
Na B3, às 10:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,33%, a 5,7350 reais.
“Entretanto, (o dólar) poderá retomar o viés de valorização ainda no decorrer do dia, pressionado pela forte demanda.”
Além de fatores sazonais locais que tradicionalmente elevam a busca pela moeda norte-americana –como o pagamento de juros e dividendos por parte de empresas com a chegada do fim do ano–, os últimos dias também têm contado com maior instabilidade nos mercados internacionais, em meio a receios sobre qual será o impacto econômico da variante Ômicron do coronavírus e sinalizações mais duras com a inflação de grandes bancos centrais.
“Na minha visão, uma parte da pressão de curto-prazo pode ser explicada pela nova onda pandêmica”, disse em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Todavia, a inflação elevada e a necessidade de normalização monetária no mundo devem ser vetores de duração mais longa e fontes mais persistentes de instabilidade aos ativos de risco.”
Na semana passada, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou a aceleração da redução de seus estímulos e passou a prever três altas de juros para o ano que vem, o que é amplamente visto como positivo para o dólar.
No Brasil, outros desafios ofuscam as perspectivas do real.
“Continuamos em um pano de fundo de incerteza fiscal, com a continuidade de pressões para mais gastos às vésperas de um ano eleitoral”, disse Kawa.
Depois de o governo ter conseguido alterar a regra do teto de gastos –importante âncora fiscal do país– por meio da PEC dos Precatórios, abrindo espaço fiscal para financiamento do programa Auxílio Brasil, o Ministério da Economia fez pedido na semana passada para remanejar quase 2,9 bilhões de reais no Orçamento de 2022 com a finalidade de reajustar salários de algumas carreiras de servidores públicos.
Investidores devem ficar atentos à votação do relatório final do Orçamento pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), que foi adiada na véspera.
Além da pauta fiscal, os mercados ficavam receosos com a aproximação da corrida eleitoral do ano que vem, que já promete elevar a incerteza política e, consequentemente, aumentar a busca pela segurança do dólar.
Além do leilão à vista de mais cedo, o BC também disponibilizará nesta sessão até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de fevereiro de 2022.
Na segunda-feira, a moeda norte-americana spot teve alta de 1,06%, a 5,745 reais na venda, maior patamar desde 30 de março (5,7588 reais).
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