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Dólar recua após disparada da véspera, mas clima segue tenso com risco político elevado

Por :
Reuters
Atualizado: Sep 9, 2021, 15:26 GMT+00:00

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía, mas continuava sendo negociado próximo dos 5,30 reais na manhã desta quinta-feira, e, segundo investidores, tem espaço para alcançar patamares ainda mais elevados em meio à grande tensão institucional doméstica, agravada recentemente por discurso mais agressivo do presidente Jair Bolsonaro.

Dólar recua após disparada da véspera, mas clima segue tenso

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar ampliou as perdas contra o real no fim da manhã desta quinta-feira, com operadores realizando lucros depois da disparada da moeda norte-americana na véspera, mas o clima nos mercados segue azedo em meio à grande tensão institucional doméstica, agravada recentemente por discurso mais agressivo do presidente Jair Bolsonaro.

Às 11:37, o dólar recuava 0,97%, a 5,2722 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa foi a 5,2610 reais na venda, queda de 1,18%.

Segundo Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, a queda do dólar nesta quinta-feira seria apenas uma pequena realização de lucros, com o clima nos mercados ainda extremamente pessimista. Na quarta-feira, o dólar à vista saltou 2,84% no fechamento, para 5,3236 reais, maior valorização percentual diária desde 24 de junho de 2020 (+3,33%).

Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, também enxerga o movimento desta manhã como um ajuste, apoiado em parte pela leve queda do índice do dólar no exterior, mas disse que é “uma correção ainda tímida” comparada com a alta de quarta.

“O cenário ainda ruim deve manter o dólar próximo dos 5,30 reais e com viés de alta; uma prévia bastante temerosa do que há por vir durante a corrida eleitoral”, disse.

Para Nagem, da Terra, “a tendência do mercado é ir ainda mais para cima, e o dólar pode buscar uns 5,40 reais” no curto prazo.

Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank, concorda que as tensões em Brasília devem continuar atrapalhando o desempenho do real. “Acho muito difícil o dólar ficar abaixo dos 5,30 reais no curto prazo, a não ser que haja uma grande virada de jogo na política”, opinou.

Segundo ele, não fosse o intenso ciclo de elevação de juros do Banco Central –que aumenta a atratividade do real para estratégias de “carry trade” (que buscam lucros com diferenciais de taxas de juros)–, o dólar estaria em patamar ainda mais elevado.

Os investidores –que já apresentavam cautela sobre o cenário doméstico há semanas em meio a temores sobre a capacidade do governo de honrar suas obrigações e respeitar o teto fiscal– intensificaram o resguardo na esteira de discurso de Bolsonaro em atos do dia 7 de setembro.

Na ocasião, Bolsonaro atacou, diante de apoiadores, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e ameaçou descumprir decisões.

Nesta quinta-feira, Barroso revidou e disse que Bolsonaro descumpre a palavra dada ao manter o que chamou de “campanha insidiosa” contra o sistema eletrônico de votação.

Elevando a apreensão dos mercados, a madrugada contou com paralisações em estradas de vários Estados brasileiros por caminhoneiros em apoio ao governo. O presidente vai se reunir ainda na manhã desta quinta-feira com representantes da categoria, disse Bolsonaro a apoiadores.

(Edição de José de Castro)

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