SÃO PAULO (Reuters) - O dólar apresentava desvalorização contra o real nos primeiros negócios desta terça-feira, acompanhando melhora no apetite por risco internacional diante de redução nos temores relacionados à variante Ômicron da Covid-19, enquanto na cena doméstica debates em torno do fatiamento da PEC dos Precatórios dominavam as atenções.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar caía com força frente ao real nesta terça-feira, acompanhando melhora no apetite por risco internacional diante de redução nos temores relacionados à variante Ômicron da Covid-19, enquanto na cena doméstica o foco recaía sobre a reunião de política monetária do Banco Central.
A Ômicron tem ficado sob os holofotes dos mercados financeiros globais nos últimos dias, uma vez que ainda há dúvidas sobre o quão grave e contagiosa é a cepa recém-descoberta, listada pela OMS como “variante preocupante”.
Mas muitos investidores têm mostrado esperança de que a variante não terá um impacto sanitário tão grande, uma vez que ainda não há evidências concretas de que a cepa seria resistente às vacinas contra a Covid-19.
“O receio está passando, (a Ômicron) parece ser menos letal do que se temia”, disse Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos.
Nagem também citou o encontro de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central como fator de suporte para o real, já que há ampla expectativa de elevação da taxa Selic em 1,50 ponto percentual, a 9,25% ao ano.
Juros mais altos no Brasil elevam a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico, o que tenderia a atrair mais recursos estrangeiros para o país, aumentando a demanda pelo real.
Às 10:18 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,09%, a 5,6306 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,14%, a 5,6600 reais.
Apesar da queda do dólar neste pregão, alguns investidores apontavam incertezas à frente para o mercado local em meio a debates em torno da promulgação de partes da PEC dos Precatórios, o chamado “fatiamento”.
“Caso possa ser fatiada, o governo poderá iniciar o pagamento do programa Auxílio Brasil já em dezembro de 2021. Caso contrario, como não haverá tempo antes do recesso parlamentar de discutir e aprovar a PEC na Câmara, não sabemos que solução será adotada para que o presidente possa iniciar o programa ainda em 2021, o que vai aumentar a tensão nos mercados financeiros do Brasil”, avaliaram em nota analistas da Genial Investimentos.
A Proposta da Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios altera as regras do pagamento dessas dívidas do governo e modifica o prazo de correção do teto de gastos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), abrindo espaço fiscal de mais de 100 bilhões de reais. Já analisada pelas duas Casas do Congresso, a PEC foi bastante modificada em sua tramitação no Senado.
Nagem, da Terra Investimentos, disse acreditar que a PEC “vai passar sem maiores problemas”, o que, segundo ele, aliviaria parte dos temores fiscais domésticos e daria suporte ao real. Mesmo assim, ele alertou para “a aproximação da virada do ano, que ajuda a dar uma pressionada no dólar (para cima)”.
Para além dos tradicionais fatores sazonais, a demanda por dólares deve aumentar neste fim de ano devido ao desmonte da posição de “overhedge” –uma proteção cambial adicional que deixou de ser interessante depois de mudanças tributárias– pelos bancos, movimento que também ocorreu no fechamento de 2020.
De olho nessa pressão, o Banco Central tem realizado, nas segundas e quartas-feiras, leilões de swap cambial tradicional com o objetivo de manter o funcionamento regular do mercado de câmbio.
A divisa norte-americana spot fechou a última sessão em alta de 0,25%, a 5,6925 reais na venda, máxima para encerramento desde 13 de abril deste ano (5,7175).
(Edição de José de Castro)
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