SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía logo após a abertura desta quarta-feira, dando algum alívio ao real depois de bater máxima em quase seis meses no fechamento da última sessão, com a política monetária dos Estados Unidos em foco antes da divulgação de dados de inflação norte-americanos e da ata da última reunião do Federal Reserve.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar abandonou as mínimas da sessão e rondava os 5,54 reais nesta quarta-feira, com a política monetária dos Estados Unidos em foco após dados de inflação norte-americanos mais fortes do que o esperado e antes da ata da última reunião do Federal Reserve.
Às 10:35, o dólar avançava 0,02%, a 5,5395 reais na venda, depois de alcançar na máxima do dia 5,5476 reais. O dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,10%, a 5,5605 reais.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía 0,2%, reduzindo perdas registradas antes das 9h30 (horário de Brasília), quando o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor subiu 0,4% no mês passado, avançando 5,4% nos 12 meses até setembro.
A leitura veio acima da expectativa de economistas consultados pela Reuters, que projetavam alta de 0,3% do índice de preços ao consumidor.
“Dado de hoje ainda sugere inflação pressionada”, disse Artur Lula Motta, da equipe de estratégia e pesquisa macro do BTG Pactual, em post no Twitter, ressaltando que os mercados elevaram as apostas em elevação de juros nos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2022.
Os futuros dos juros norte-americanos sugerem agora que os operadores enxergam chance de 90% de elevação dos custos dos empréstimos até setembro de 2022.
Rand sul-africano e peso mexicano, dois dos principais rivais emergentes do real, também arrefeceram seus ganhos contra o dólar depois da divulgação dos dados.
A leitura vem depois de um importante relatório do governo de sexta-feira passada mostrar que foram criadas apenas 194 mil empregos nos EUA no mês passado, leitura bem abaixo das expectativas.
“Ainda que alguns analistas considerem que os dados (dos EUA) estão mostrando um comportamento misto, nossa avaliação é que, pelo menos até o momento, eles dão suporte ao início da redução da compra de ativos por parte do Fed”, disseram em nota analistas da Genial Investimentos.
A perspectiva de reversão iminente das medidas que sustentaram os mercados financeiros globais durante a crise da pandemia e a antecipação das apostas de elevação de juros nos EUA — à medida que a inflação segue alta — tende a beneficiar a divisa norte-americana, uma vez que pode redirecionar recursos para os Estados Unidos, país considerado opção segura para investimentos.
Na última sessão, na segunda-feira, o dólar à vista teve alta de 0,42%, a 5,5384 reais, máxima desde 20 de abril (5,5486).
Até agora no mês de outubro, a divisa norte-americana já sobe 1,5% contra o real. Em relação à mínima deste ano, de 4,9062 reais, atingida em 24 de junho, o dólar acumula alta de quase 13%.
Além de fatores internacionais de impulso para o dólar, investidores apontam incertezas políticas e fiscais domésticas como fatores que explicam a depreciação da moeda brasileira para os patamares atuais, bem como a percepção de que o Banco Central não tem combatido a inflação local com a agressividade necessária.
A taxa Selic está atualmente em 6,25% ao ano, depois de elevação de 1 ponto percentual no último encontro da autarquia. Antes da reunião de política monetária de setembro, alguns operadores chegaram a precificar aumento de até 1,5 ponto.
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou nesta quarta-feira que o ajuste de 1 ponto na Selic sinalizado pelo BC para o ciclo de aperto monetário não é um compromisso e pode mudar dependendo das condições, citando como risco uma mudança muito grande no regime fiscal.
(Edição de Camila Moreira)
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