SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve desvalorização contra o real nesta quarta-feira, em dia de forte expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central, a ser anunciada após o fechamento dos mercados, e à medida que a percepção de deterioração inflacionária e fiscal no Brasil aumenta a pressão por juros mais altos.
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar oscilava entre estabilidade e leve queda contra o real nesta quarta-feira, em dia de forte expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central, a ser anunciada após o fechamento dos mercados, à medida que a percepção de deterioração inflacionária e fiscal no Brasil aumenta a pressão por juros mais altos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen anuncia sua decisão a partir de 18h30 (de Brasília) desta quarta-feira. Recentemente, várias instituições financeiras importantes revisaram para cima suas estimativas para a dimensão do aperto monetário, prevendo alta de 150 pontos-base da taxa Selic.
O posicionamento no mercado de opções digitais da B3 indicava no fim da terça-feira 49% de probabilidade de aumento do juro para 7,75% ano. A segunda maior chance é para elevação de 2 pontos (23%), movimento que levaria a taxa básica de juros a 8,25%.
Atualmente, a taxa está em 6,25% ao ano.
Recentes escaladas nas expectativas para os juros básicos têm sido citadas por investidores como possível fator de suporte para a moeda brasileira, uma vez que o maior retorno oferecido no mercado de renda fixa doméstico poderia elevar o ingresso de recursos estrangeiros no país. Ainda assim, muitos ressaltam que as apostas para a taxa Selic refletem grandes riscos inflacionários e fiscais.
“É fundamental que o Banco Central mostre aos investidores que o regime de metas para a inflação continua efetivo. Neste contexto, o ideal seria um choque de juros suficientemente forte para compensar os choques que estão ocorrendo nos preços dos ativos”, disseram estrategistas da Genial Investimentos em nota, apontando essa necessidade como consequência da deterioração da credibilidade fiscal do Brasil após planos do governo de desrespeitar o teto de gastos.
“Afinal, se o governo está disposto a aprovar uma PEC que desloca o teto para cima com o objetivo de financiar um aumento de gastos, porque não irá fazer isto novamente no futuro? Em outras palavras, para que serve o teto?”
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na terça-feira que a PEC dos Precatórios –medida prioritária para o governo, já que foi alterada para abrir espaço fiscal no teto de gastos de mais de 80 bilhões de reais– “provavelmente” estará pronta para votação nesta quarta-feira.
Os investidores digeriam ainda dados desta manhã sobre a inflação ao produtor e a taxa de desemprego do país.
Às 9:51, o dólar recuava 0,28%, a 5,5570 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda chegou a cair 0,41%, a 5,5497 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,13%, a 5,5630 reais.
No mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs subiam de 4 a 15 pontos-base na curva até janeiro de 2027.
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