Por Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir CARTUM (Reuters) - As facções em disputa armada no Sudão afirmam ter obtido ganhos nesta segunda-feira, enquanto a violência contínua impede o fornecimento de energia e água na capital, e o enviado das Nações Unidas ao país disse que os dois lados não mostram sinais de disposição para negociar.
Por Khalid Abdelaziz e Nafisa Eltahir
CARTUM (Reuters) – As facções em disputa armada no Sudão afirmam ter obtido ganhos nesta segunda-feira, enquanto a violência contínua impede o fornecimento de energia e água na capital, e o enviado das Nações Unidas ao país disse que os dois lados não mostram sinais de disposição para negociar.
Combates entre o Exército e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) mataram pelo menos 185 pessoas e feriram mais de 1.800, disse o enviado da ONU Volker Perthes em meio a ataques aéreos e combates em Cartum e conflitos no resto do país. A disputa mortal pelo poder descarrilhou uma mudança para um governo civil e trouxe temores de um conflito mais amplo.
A fumaça pairava sobre a capital, e os moradores relataram ataques aéreos, disparos de artilharia e tiros, que fecharam hospitais em uma cidade que não está acostumada à violência.
“Os dois lados que estão lutando não estão dando a impressão de que querem uma mediação para a paz entre eles imediatamente”, disse Perthes a jornalistas por videoconferência de Cartum.
O diplomata disse que as partes concordaram com uma trégua humanitária de três horas. Mas, pelo segundo dia consecutivo, os combates continuaram, apesar das promessas de calma, de acordo com repórteres da Al Jazeera e da Al Arabiya TV em Cartum.
O Egito e os Emirados Árabes Unidos trabalham separadamente por um cessar-fogo no Sudão, mas não alcançaram o objetivo, disseram duas fontes de segurança egípcias.
Os combates em Cartum e nas cidades vizinhas de Omdurman e Bahri desde sábado são os piores em décadas e correm o risco de dividir o Sudão entre duas facções militares que compartilharam o poder durante um difícil período de transição política.
O chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, lidera um conselho de governo, instalado após o golpe de 2021 e a destituição do líder veterano Omar Bashir em 2019 em meio protestos generalizados no país. O líder do RSF, general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, é seu vice.
Sob um plano de transição apoiado internacionalmente, o RSF logo deveria se fundir com o exército. Nesta segunda-feira, Burhan classificou o RSF como um grupo rebelde e ordenou sua dissolução.
Em comentários à Sky News, Burhan disse estar seguro em uma casa de hóspedes presidenciais dentro do complexo do Ministério da Defesa. Mais tarde, o Exército disse que o escopo das operações de segurança estava se ampliando, o que causaria restrições aos movimentos dos cidadãos.
O líder do RSF, Hemedti, cujo paradeiro desde sábado é desconhecido, chamou o chefe do exército de “um islâmico radical que bombardeia civis do ar”.
Embora o exército seja maior e tenha capacidade aérea, o RSF é amplamente distribuído nos bairros de Cartum e em outras cidades, o que não oferece a nenhuma das facções vantagens para uma vitória rápida.
(Reportagem de Khalid Abdelaziz em Cartum, Nafisa Eltahir e Omar Abdel-Razek no Cairo, Humeyra Pamuk em Tóquio e Michelle Nichols na ONU)
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